abril 29, 2005
|
|
Se a minha casa fosse o Sol, o meu estacionamento nos últimos 18 meses seria Saturno. Isto quando há dias que o carro não fica em Plutão! Por causa de umas obras , com um enquadramento numa planificação urbana que só existe perigosamente nas cabeças deles, e cujos trabalhos já deviam ter sido feitos há pelo menos 10 anos atrás. É a poeira , o ruído constante, em suma a saturação. Gosto de lhe chamar o Inferno.Carinhosamente.
No meio disto tem um positivo: tenho de andar mais a pé (Plutão ás vezes fica longe), e sempre gostei de andar a pé, só é pena o gasto do tempo. Deu-me a oportunidade (forçou-me é mais correcto!) de atravessar o bairro. E num dos dias que lá em Roma estavam todos a olhar para uma chaminé, procurei por aqui a ver se nós também tínhamos desses aparelhos sofisticados:
Só não sei se deita fumo branco, mas sei que neste bairro , como em qualquer bairro português que se preze, consegue-se 'arranjar' algo para fazer o fumo branco.
|
|
Habemus Habemus
|
|
Papiçes
Um ex-elemento da jebentude hitleriana, um suldado nazi, um dezertor (cagouçe?), um cãoçerbador ubestinado, um cão-de-fila contra a ivulussão , O' Bendito-16, que a morte te chegue depreça e o noijo que bais faser seija pouco... Beste-te de prezerbatibos, pega num xicote como báculo, pra arriares nas mulheres que açaltam um último reduto do machismo e iscãoderijo de pedófilos, trafulhas e cão cumplissidades en açaçínios.
A porca da pulítica da Igreija foi buscar mais um pulheco riassiunário: rebentem todos, que já há muinto çe bai bendo que açim num dá.
Benha outro, que este até o Busch gustou :-/
Às trevas! Não sou católico, nem apostólico, nem romano. Sou cristão, no sentido mais ecuménico da palavra. Também por isso, mas não só, estou profusamente perplexo com a escolha emanada deste conclave.
Joseph Ratzinger é o dogma, a intransigência, o radicalismo em espírito insano. Representa o pior do menos bom de seu predecessor, a incapacidade brutal em abranger os sinais dos tempos, a inabilidade cruel em compreender todo o relativismo humano.
Numa sociedade dita cada vez mais global, mas onde os dogmas das religiões monoteístas vão prevalecendo ante direitos e valores fundamentais tão recentemente conquistados, parece-me crível que o espírito de Assis ficará francamente comprometido. E isto tocará a todos, crentes ou não crentes.
Vão chamar Papa a outro!...
Eu não sou católico. Não sou, pronto, e a culpa é de Deus. O Deus dos católicos, quer dizer. É demasiado judeu e romano para o meu gosto. Há Jesus a menos e Paulo de Tarso a mais. Isso e umas duas ou três incapacidades minhas, estruturais, congénitas, para o decálogo – aqueles 6º, 7º e 10º mandamentos, convenhamos!...Especialmente o 6º... Quanto mais não fosse, a existência de espanhóis, entre outras, impedir-me-ia de ser católico. Mas isto de não ser católico é problema meu. É entre mim e o Criador: no fim acertamos as contas. Eu e Ele. Dispenso intermediários, mediadores, alcaiotes das alminhas. Em contrapartida, assim como as minhas telhas são problema meu, já o papa é problema deles, dos católicos. Deles e de mais ninguém. A mim, se elegem fulano ou sicrano, se o espírito santo decreta este ou aquele, é-me rigorosamente igual. Se é preto ou branco, brazuca ou ariano, conservador ou liberal, eles que o aturem. Até pode ser chinês, que os abalos são os mesmos. Meto-me na nomeação dos ayatholas? Intrometo-me na vida do Dalai Lama? Mando palpites ao patriarca ortodoxo? Então, porque carga de água, havia de estar para aqui a rosnar ao conclave, a ladrar à chaminé ou a dar urros e a descabelar-me à varanda?! É forçoso que ser de esquerda (ou liberal, que é a "esquerda-light", descafeínada e sem álcool) seja sinónimo de ser um badameco dum incontinente mental e, sobretudo, verbal, que, a toda a hora, faça chuva faça sol, tem que estar a cagar postas sobre tudo e mais alguma coisa? Quer dizer, assim como os papa-hóstias, de todas as capelas, se arrogam em detentores exclusivos da procuração divina, estes putativos "não-papa-hóstias" armam em procuradores auto-arvorados da humanidade, em baluartes honorários da filantropia e do progresso. Sabem o que vos diz esta porção de humanidade? Certamente adivinham e prende-se com o orifício materno. Mas, entretanto, aqui d’el rei, que os católicos elegeram um papa católico. Havia de ser o quê? Protestante? Muçulmano? Socialista? Devia ser democraticamente eleito, pela chusma que faz da opinião uma espécie de cagar aos cantos ou mijar nos muros? Para ser correcto, está-se mesmo a ver, na opinião destes campeões de muceque, o conclave devia ser televisionado, estilo "capela das celebridades", com a Júlia Pinheiro a fazer as honras, em directo na TVI, e à mercê dos caprichos e votações da choldraboldra, a expulsar cardeais até que só restasse uma espécie de bicha Castelo Branco, de anel e mitra. Ainda bem que o papa é católico, puro e duro, sem meias-tintas. Para metrossexuais do pensamento já nos basta toda esta turba, sem credo nem vértebra, sem coluna nem fé, sem princípio nem fim, nada, excepto um cabrão dum ego inflacionado, a ameaçar as estrelas e a eclipsar o sol. Com tanta metrossexualidade política, dispensamos bem, ainda mais, a metrossexualidade religiosa. Talvez Jesus, lá onde está, se envergonhe de muita da proclamada "direita" que por aí grassa, e de católico, como diria Pessoa, e dizem alguns filósofos, tenha muito pouco. Mas, mesmo ele, na sua infinita humanidade e misericórdia, mandou dar a outra face, não mandou dar o cu. Assistindo ao histerismo peixeirante de toda esta escumalha das ideias, a toda esta vaselina de plantão ao pensamento, a mim, até me dá vontade de ir ser católico. Sempre é preferível a hóstia, via oral, que o mesmo remédio, só que mais concentrado, sobredosado, esterilizante, e em forma de supositório expresso, pelo fundilho da coluna. Vergonha dos homens, vergonha da esperança num mundo melhor, é toda uma "esquerda" pidesca, bufa, cretina, a espernear e a espumar epilepticamente. Com uns argumentos e poses de tal modo estimulantes, que, um dia destes, não resisto e corro à feira da ladra a enfarpelar-me numa farda das SS (vi lá uma das Tottenkampf, ainda não há muito tempo, toda catita). Vai ser uma carga de trabalhos para me fazerem despi-la. Acho que até vou dormir com ela.
|
|
abril 27, 2005
Mundo ás avessas
|
|
Um grupo de gajas, nas escadas da universidade: em roda, jogando cartas, cada uma chupando o seu cigarro, á falta de melhor (não me venham dizer que esta onda de gajas fumadoras não tem uma interpretação psicanalÃtica!).
Só faltavam umas imperiais fresquinhas e uns tremoços a acompanhar. Um quadro deveras 'sedutor'.
Para quem gosta do género (claro)!
|
|
abril 25, 2005
Ângela
|
|
Ligo-Te depois de uma inesperada conversa no MSN. Não sei porque ligo, até já me faltavam assuntos para mais conversas. Sei: saudade, sede.Da tua voz, das novidades. E uma curiosidade, daquelas que matam gatos! Não esperava que atendesses. Há coisas, as más, com as quais é melhor contar. Assim sabe mais quando não se concretizam.
E atendes: Oiço-Te, ouves-me, rimos. Falamos como se ainda ontem o tivéssemos feito. Mas não foi, pois não? Foi tão presente, tão forte como a inquietaçõe de fundo: Porque vieste falar? Já há muito declaraste a tua independência, a tua declaração de maioridade.
É Domingo, e (aqui a verdadeira surpresa!) passo a tarde a estudar. Pego no telefone umas vezes, durante a tarde. Ligo-Te.
Não estás. E é-me bem feito.
Para ler-Te então, que hesitação, que 'cerimónias'!
|
|
abril 22, 2005
|
|
"Mi xami dji cafageisstxi." Bis é chocolate. Só sei responder pela folha de alface e pelo cafageste..
|
|
|
|
Há muito que não jogo nos jogos 'sociais' da Santa Casa.
Hoje, no Jornal da Tarde, uma peça sobre os gastos dos portugueses nos jogos, o Euromilhões. Nunca gostei de jogar. Até mesmo cartas! Muito confuso! Demasiadas figurinhas, não sei.
Sobre as campanhas maciças, outdoors e tudo mais, seria dinheiro melhor empregue nas obras socias da organização. Aposto que desta ninguém se lembrou! Afinal de contas (ainda) tem um papel social, e não comercial. É , em meu entender uma 'perversão' apoiar o financiamento de trabalho social na ganância (esta sim, completamente anti-social) dos muitos e muitos que jogam o seu dinheiro para o vazio. É também um erro que se façam as campanhas já citadas que; se não têm o ênfase no trabalho social que a organização faz, têm-no em spots publicitários (bem humorados, alguns) multiplicadores da apetência do jogo inveterado. Não invalido o trabalho da organização, mas discuto o modelo de financiamento.
Por isso continuo a não gastar em jogos:
Não gosto de pôr os meus sonhos materialistas (e anti-sociais, e egoÃstas,e imediatistas) nas mãos de uma monstruosa aleatoriedade!
|
|
abril 18, 2005
|
|
O céu-sobre-lisboa esteve no Frágil , e viu, ouviu os Rádio Macau. E eu, aqui, debaixo de outro céu, mais distante, invejo.
Tive a sorte de, quando subia as escadas rolantes do metro, encontrar um amigo em sentido contrário que disse qualquer coisa como '...vão tocar...' e eu 'quem, onde?'e ele gritou lá de baixo 'os Rádio Macau no Frágil'. De modo que fui da Bicaense para lá, não se deve perder uma oportunidades destas. 'Esta é uma música que fizemos numa altura em que queríamos entrar no Frágil e não nos deixavam', disse a Xana às tantas. A música é o 'Elevador da Glória', e ocorreu-me que, tal como eu, os RM são filhos da primeira geração de suburbanos (e por acaso são dum subúrbio ao lado do meu) que descobriram nos anos 80 a Lisboa que os pais tinham abandonado, e daí esta e outras como o 'Bom Dia Lisboa'. E também eu queria entrar no Frágil e não me deixavam. Além disso, fizeram das melhores canções pop portuguesas de sempre, envelheceram muito bem (especialmente a Xana, cada vez mais gira) e participam noutros projectos óptimos -- os Micro Audio Waves e os Wordsong, e a editora Transformadores, que editou por exemplo o Quinteto Tati e os Dead Combo. Então muitos parabéns pelos 21 aninhos, ó conterrâneos.
|
|
|
|
Pensava que os médicos, era todos uns... Bom esqueçam, acho que já sabem o que ia dizer. Hoje li um desabafo de um.
O Pedro era um rapaz como os outros. Andava na escola, chumbou um anito ou dois. Era um tipo calado, metido com os seus botões. Tinha também aquela perigosa tendência de se aproximar das pessoas erradas. O ambiente familiar era mau. As condições económicas eram fracas, e a mãe era o que se pode designar genericamente de uma pessoa insuportável. Berrava com o pai dela, velhote acamado, berrava com o marido, bêbado, e berrava com o filho. O ponto fulcral que o Pedro descrevia da sua casa eram os gritos da mãe. O Pedro queria fugir daquele ambiente. Queria-se afastar da gritaria. Queria qualquer coisa que o fizesse esquecer aquela família, aquela vida. Encontrou nos charros, que fumava com os "amigos" mais próximos, um escape. Tudo ficava bem com uma pedrinha de haxixe, e afinal não faz mal a ninguém. Cedo se fartaram das drogas leves, e passado um tempo o Pedro era utilizador de heroína. Injectava-se inicialmente em grupo, aos poucos passou a faze-lo sozinho. A mãe já não mandava nele. Quem mandava agora nele era uma substância... Roubou diversos objectos de casa, muitos outros fora dela. A sua vida girava em torno de uma necessidade: evitar a ressaca. Entrou, mais tarde, num programa de substituição com metadona. Deu-se mal, assim que parou a metadona voltou para a heroína. Nessa altura já sabia que era seropositivo. Mas foi já depois da má experiência com a metadona que a tuberculose lhe bateu à porta. Arrastou durante algum tempo uma tosse bem produtiva, a febre nem dava por ela nos intervalos da heroína. Foi quando a tosse começou a trazer sangue que recorreu ao hospital. Tinha uma grave infecção pulmonar típica da SIDA (pneumocistose), que quando foi tratada mostrou uma tuberculose escondida. Ficou internado durante bastante tempo, foi a oportunidade que teve para se afastar da heroína. Começou nesse internamento a terapêutica para o HIV e para a tuberculose. Quando teve alta começou a ser seguido na consulta de infecciologia do Hospital e no CDP do Centro de Saúde.
O meu tutor diz-me, antes de chamar o Pedro para a consulta, que ele tinha muito pior aspecto quando apareceu lá da primeira vez. Assim que ele entrou custou-me a acreditar. O rapaz era esquelético, o cabelo era uma vaga ideia de pelo ruivo no alto da cabeça, e todas as feições angulosas. Tinha pele clara, e um bizarro e paradoxal ar de criança doente. Não era já nenhuma criança, mas quase parecia. A mãe tinha vindo com ele, estava a berrar no corredor com a enfermeira porque "só eu é que sei o que é ter um filho assim!! Vocês sabem lá, põem-se a mandar bitates sobre a maneira como devo ou não devo educar o meu filho?!". Ele parecia muitíssimo aliviado por ela ter ficado fora do consultório. Estava muito ansioso, afirmou-nos que estava a milímetros de voltar para a heroína. O ambiente em casa era pesadíssimo, e os gritos da mãe ressoavam-lhe na cabeça o dia inteiro. Tinha recusado a sugestão da infecciologista de adesão a novo programa de metadona para evitar a mais que certa recaída, reportando-se ao anterior insucesso. A TOD (terapêutica observada directa) era a única forma de manter a terapêutica de forma adequada, admitiu-nos que de outra forma já teria parado a medicação. A radiografia e a TAC mostravam francos sinais de melhoria da tuberculose pulmonar, mas muito caminho havia ainda a percorrer. Saiu do consultório a coxear, como tinha entrado, não tinha força muscular suficiente para andar decentemente. Assim que saiu, a mãe desatou aos berros com ele por qualquer outra coisa pouco importante. Ele continuou silencioso. A coxear em direcção à morte.
|
|
abril 17, 2005
|
|
:.: Eight Easy steps :.:
:: Sob Escuta ::
how to stay paralyzed by fear of adandonment how to defer to men in solve-able predicaments how to control someone to be a carbon copy of you how to have that not work and have them run away from you
how to keep people at arm's length and never get too close how to mistrust the ones you supposedly love the most how to pretend you're fine and don't need help from anyone how to feel worthless unless you're serving or helping someone
i'll teach you all this in eight easy steps a course of a lifetime you'll never forget i'll show you how to in eight easy steps i'll show you how leadership looks when taught by the best
how to hate women when you're supposed to be a feminist how to play all pious when you're really a hypocrite how to hate God when you're a pray-er and a spiritualist how to sabotage your fantasies by fears of success
i'll teach you all this in eight easy steps a course of a lifetime you'll never forget i'll show you how to in eight easy steps i'll show you how leadership looks when taught by the best
i've been doing research for years i've been practicing my ass off i've been training my whole life for this moment (i swear to you) culminating just to be this this well-versed leader before you
i'll teach you all this in eight easy steps a course of a lifetime you'll never forget i'll show you how to in eight easy steps i'll show you how leadership looks when taught by the best
how to lie to yourself and thereby to everyone else how to keep smiling when you're thinking of killing yourself how to numb a la holic to avoid going within how to stay stuck in blue by blaming them for everything
i'll teach you all this in eight easy steps a course of a lifetime you'll never forget i'll show you how to in eight easy steps i'll show you how leadership looks when taught by the best
|
|
abril 13, 2005
|
|
Hoje bati com o carro. Mais uma vez. Não se aflijam , não se aflijam foi só chapa. Um toquezinho, eu que gosto tanto deles. Ando distraÃdo a conduzir, não sei onde ando com cabeça, imprimo raiva ás vezes, intransigência.
A culpa foi do outro condutor, pelas regras do Código. Mas pelo impulso que me fez avançar... Ainda fiquei dentro do carro , fulo gesticulando para o outro lado, dizendo-lhe: "Você está a sair de uma garagem! Mas afinal? "
Lá me fez serenamente sinal para encostarmos. Eu , ainda fulo, numa raiva desproporcional. As mãos já me tremiam. Lá desenganchei o meu querido 206 debaixo do incólume pára-choques daquele mercedes ML270 CDI. SaÃ, mas não nos pusemos com discussões inférteis. Ele estava calmo e na mesma sintonia que eu: a chatice do que aconteceu. Trocámos referências. Fomos ás nossas vidas.
Voltei a casa antes de ir ao mecânico combinado com o outro condutor (ligou uma hora depois).
.: :.
Deitei a cabeça por um pouco, no silêncio da casa a meio da tarde. Revejo estes meses que têm inexoravelmente passado. Revejo o que tem sido a minha postura mental na condução. Revejo muita coisa de Janeiro para cá. Vejo a amolgadela, o pisca partido.
Aquela chapa, quase insignificante, quase despercebida, mais parecia o emergir de chapa amolgada mais funda. Chapas guardadas, re-amassadas. Não é só a conduzir carro que faço amolgadelas. Hoje, emergiu, expôs-se um pouco.
Passo os dias abismado, com uma necessidade de falar. Uma necessidade de desabafar com o primeiro em quem batesse, literalmente!
Certamente não seria com o homem em quem bati! Assim, em lágrimas , no ombro dele. A enjoada da mulher(zinha) burguesa dele a ver.
Estão a ver?
|
|
|
|
Um programa de rádio: As Músicas da Publicidade.
Título "Sociedade de Consumo" ou "PUB".
As músicas das campanhas. Exemplo : Song to the siren- This mortal coil - do perfume Cacharel. As campanhas dos telemóveis...
Uma música que anda muito no ouvido é a do Peugeot 407 (acho que é) . O spot publicitário é um Peugeot (surpresa!) atravessando uma cidade com carros-brinquedo em ponto grande.
Tantas outras que ficam no ouvido mas ficam no desconhecimento. Enfim, deve haver muito.
Ou nada?
|
|
abril 12, 2005
|
|
Faz hoje um ano...
Faz Um ano que foi dia 12 de Abril.
Não se preocupem, isto passa-me. Deixem só passar mais um ano.
|
|
|
|
Esgota-me. Pensar na morte, como tenho feito. Angustia-me. Vinte anos da morte do meu pai, e penso na minha. Pregar-me-á a genética alguma partida? Apenas sei que a morte, a dele, aconteceu cedo demais. Cedo demais para que pudesse deixar a sua marca de paternidade nesta familia. A familia seguiu caminho, e hoje tenho cada vez mais a certeza que ele nos fez tanta falta. Teriam sido diferentes os desfechos. Ora, tantos! é como numa novela.
Quando fecho os olhos, imagino uma lâmpada , cuja luz atravessa as pálpebras. A luz , reduz-se, até que se apaga. com ela vão-se as minhas memórias, a minha passagem aqui.
Faço outros exercÃcios, imagino o meu corpo, entrando nos processos biológicos post-mortem. Eufemismos e termos aveludados, é comigo.
Não vos peço para fazerem os exercÃcios! Arrepia!
As duas últimas semanas foram pródigas em morte: Foi a vizinha do rés-do-chão, o nadador-salvador da piscina municipal (que até a mim me chamou a atenção um dia, por estar a desafiar o mar nervoso daquele dia) , o Sr. Orlando o serralheiro muito amigo do meu pai, outro, um poeta excêntrico da terra, e o JP II.
.: Conclusão :.
Já estavam a ver que isto não ia ter um fecho?
A morte existe sempre, transversal ao tempo. Tem o exacto ritmo da vida, estatÃstico, geracional, catastrófico, conflitual. Mesmo que esse paralelismo com o ritmo da vida não seja notado. Para os tantos que morrem, nascem outros tantos seres, desconhecidos ainda, (alguns) já amados á partida.
Surge logo outra inquietação (esta hoje surgiu-me numa aula soporÃfera): Gerar vida, dá-la da mesma maneira que os vossos pais vos deram, não é também estar a dar a morte? Venha ela precoce, ou viva um ser (plenamente ou não) por cem anos.
|
|
Alô? Alô?
|
|
Recebo chamadas no telemóvel.
Recebo chamadas quando não estou.
É um telemóvel-fixo. Não gosto ou não costumo carregar com ele.
Recebo chamadas de números que não conheço.
21.... De Lisboa, toda a gente sabe. Tento ligar ninguém atende. Andam muito 'ocupados' por aquelas bandas.
282.... 282 ?? Toca a ver na lista de onde será. Desconfio que seja uma rede do Algarve . A lista não ajuda nada, apenas diz os códigos de zona das outras listas. Mesmo á portuguesa. Procuro na internet. Sim é do Algarve. Ligo para lá, atende-me uma senhora. Indago se haviam ligado para o telemóvel. Não , não tinham. Não? Quando é que as pessoas metem na cabeça que as máquinas não inventam nada?
E raramente as recebo. As chamadas.
|
|
abril 11, 2005
|
|
Novidades do Pombal? Ninguém sabe de nada? Os pombos estão mudos? Não oiço nada, não vejo nada do se passou lá em cima. Mau...Começo a ficar preocupado. Estarão a conspirar algum golpe de Estado? Estarão a formar um governo-sombra? Tenho medo do escuro.
Ai, a ansiedade dá cabo de mim!
Eu, que sou um tipo ansioso, quando desenrolam acontecimentos que mexem 'tanto' com o futuro do país.
Com uma rolha socialista tão grande, tão cedo ninguém lhes dá trela.
|
|
abril 09, 2005
O livro Insuspeito
|
|
[...]
Litania
O teu rosto inclinado pelo vento; a feroz brancura dos teus dentes; as mãos, de certo modo irresponsáveis, e contudo sombrias, e contudo transparentes;
o triunfo cruel das tuas pernas, colunas sem repouso se anoitece; o peito raso, claro, feito de água; a boca sossegada onde apetece
navegar ou cantar, ou simplesmente ser a cor de um fruto, o peso de uma flor; as palavras mordendo a solidão, atravessadas de alegria e de terror;
são a grande razão, são a única razão.
Eugénio de Andrade, Até Amanhã.
[...]
recorde-se a saborosa frase de Descartes nas Méditations Métaphysiques: "O bom senso foi a coisa que Deus melhor distribuiu: todos estão satisfeitos com o quinhão que lhe coube."
[...]
É hoje consensual entre os grandes teóricos da Economia que a Ciência foi e é o investimento humano com maior retorno, e que o fosso entre paíÂses desenvolvidos e os outros, nas próximas décadas, será o resultado do investimento em Ciência que cada qual fizer.
[...]
...E isto, foram só as primeiras páginas de "Introdução á Probabilidade e EstatíÂstica", Volume I. É como abrir um livro de alguma sabedoria oriental. Promete..
|
|
|
|
Duas razões para ser um bom fim de semana:
1. Está um Sol maravilhoso. Prima Vera onde andaste ?
2. Temos os laranjinhas, no seu congresso extraordinário (?) , encarniçados uns nos outros para resolver uma liderança de transição, de um desastre que foi a anterior.
E vós, tendes duas alternativas:
1. Saem , só voltando a casa Domingo á noite após o jornal da :2 (é sempre bom não estar informado, especialmente ao fim de semana)
2. Saem, vão ao supermercado, compram pipocas, voltam e sentam-se no sofá a ver os tristes fazerem a sua terapia de grupo.
Qual delas vai ser?
Do you want me to lay down and guess?
|
|
abril 08, 2005
brilhozinho
|
|
|
É que hoje fiz um amigo, e coisa mais preciosa no Mundo não há. Lembrei-me de Sérgio Godinho, hoje. O dia correu-me bem. Tinha essa certeza.
Sérgio Godinho In: 1981,"Canto da Boca"
Com um brilhozinho nos olhos e a saia rodada escancaraste a porta do bar trazias o cabelo aos ombros passeando de cá para lá como as ondas do mar. Conheço tão bem esses olhos e nunca me enganam, o que é que aconteceu, diz lá é que hoje fiz um amigo e coisa mais preciosa no mundo não há.
Com um brilhozinho nos olhos metemos o carro muito à frente, muito à frente dos bois ou seja, fizemos promessas trocamos retratos trocamos projectos os dois trocamos de roupa, trocamos de corpo, trocamos de beijos, tão bom, é tão bom e com um brilhozinho nos olhos tocamos guitarra p'lo menos a julgar pelo som
E que é que foi que ele disse? E que é que foi que ele disse? Hoje soube-me a pouco. [x4] passa aà mais um bocadinho que estou quase a ficar louco Hoje soube-me a tanto [x4] portanto, Hoje soube-me a pouco
Com um brilhozinho nos olhos corremos os estores pusemos a rádio no "on" acendemos a já costumeira velinha de igreja pusemos no "off" o telefone e olha, não dá p'ra contar mas sei que tu sabes daquilo que sabes que eu sei e com um brilhozinho nos olhos ficamos parados depois do que não te contei
Com um brilhozinho nos olhos dissemos, sei lá o que nos passou pela tola [o que nos passou pelo goto] do estilo és o "number one" dou-te vinte valores és um treze no totobola [és o seis do meu totoloto] e às duas por três bebemos um copo fizemos o quatro e pintámos o sete e com um brilhozinho nos olhos ficamos imóveis a dar uma de "tête a tête"
E que é que foi que ele disse? ...
E com um brilhozinho nos olhos tentamos saber para lá do que muito se amou quem éramos nós quem querÃamos ser e quais as esperanças que a vida roubou e olhei-o de longe e mirei-o de perto que quem não vê caras não vê corações com um brilhozinho nos olhos guardei um amigo que é coisa que vale milhões.
E que é que foi que ele disse?
|
|
|
|
Recebi isto no email já faz algum tempo, e estou certo que vocês também. São daqueles emails re-encaminhados por 10, 20, 30 até que nos chegam. Ou até que nós finalmente temos pachorra para ler. Claro que vos vou submeter aqui, ao vivo, neste blog, a uma dessas leituras. Na Ãntegra. Cá vai:
Olá,
Já vai 15 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca. Trabalhar com eles é uma convivência, no mÃnimo, interessante. Aqui, qualquer projecto demora 2 anos a concretizar-se, mesmo que a ideia seja brilhante e simples. É regra.
Então, nos processos globais, nós (portugueses, brasileiros, americanos, australianos, asiáticos, etc.) ficamos aflitos para obter resultados imediatos, numa ansiedade generalizada. Porém, o nosso sentido de urgência não surte qualquer efeito neste paÃs. Os suecos discutem, discutem, fazem "n"reuniões e ponderações.
E trabalham num esquema bem mais "slow down". O pior é constatar que, no fim, acaba por dar tudo certo no tempo deles, com a maturidade da tecnologia e da necessidade; aqui, muito pouco se perde.
É assim:
1. O paÃs cerca de 3 vezes maior que Portugal;
O paÃs tem 2 milhões de habitantes;
A sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes (Lisboa,tem 1 milhão);
Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia,...
Para ter uma ideia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os foguetes da NASA.
Digo a todos estes nossos grupos globais de trabalhadores: os suecos podem estar errados, mas são eles que pagam nossos salários. Entretanto, vale salientar que não conheço um povo, como povo mesmo, que tenha mais cultura coletiva do que eles. Vou contar-vos uma breve história, só para vos dar uma noção...
primeira vez que fui para lá, em 1990, um dos colegas suecos apanhava-me no hotel todas as manhãs. Era Setembro, frio, e a neve estava presente. Chegávamos bem cedo à Volvo e ele estacionava o carro longe da porta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, uma manhã
Perguntei-lhe:
- Você tem lugar marcado para estacionar aqui? Chegamos sempre cedo, o estacionamento está vazio e você deixa o carro à ponta do parque.
respondeu-me, simples, assim:
É que, como chegamos cedo, temos tempo de andar. Quem chegar mais tarde já vem atrasado, precisa mais de ficar perto da porta. Você não acha?
Nesse dia, percebi a filosofia sueca de cidadania! Serviu também para rever os meus conceitos. SLOW vs FAST.
Há um grande movimento na Europa hoje, chamado SLOW FOOD. A Slow Food International Association - cujo sÃmbolo é um caracol, tem a sua sede em Itália (o site, é muito interessante. Veja-o). O que o movimento SLOW FOOD prega, é que as pessoas devem comer e beber devagar, saboreando os alimentos, "curtindo" a sua confecção, no convÃvio com a famÃlia, com os amigos, sem pressas e com qualidade. A ideia é a de se contrapor ao espÃrito do FAST FOOD e tudo o que ele representa como estilo de vida, em que o americano "endeusificou".
A surpresa, porém, é que esse movimento SLOW FOOD serve de base a um movimento mais amplo chamado SLOW EUROPE, como salientou a revista Business Week na sua última edição europeia. A base de tudo, está no questionar da "pressa" e da "loucura" gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidade do ter" em contraponto à qualidade de vida ou à "qualidade do ser".
a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas, (35 h / semana) são mais produtivos que os seus colegas americanos ou ingleses. E os alemães, que em muitas empresas instituÃram a semana de28,8horas de trabalho, viram a sua produtividade crescer nada menos que 20%.
Esta chamada "slow atitude" está a chamar a atenção, até dos americanos, apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it now" (faça já).
Portanto, esta "atitude sem-pressa" não significa, nem fazer menos, nem menor produtividade.
Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais "qualidade" e "produtividade" com maior perfeição, atenção aos pormenores e com menos "stress". Significa retomar os valores da famÃlia, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do "local", presente e real, em contraste com o "global" - indefinido e anónimo.
Significa a retoma dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do quotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé. Significa um ambiente de trabalho menos coercivo, mais alegre, mais "leve" e, portanto, mais produtivo onde os seres humanos, felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.
que vocês pensassem um pouco sobre isto. Será que os velhos ditados "Devagar se vai ao longe" ou "A pressa é inimiga da perfeição" já não merecem a nossa atenção, nestes tempos de loucura desenfreada?
Será que as nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios de "qualidade sem-pressa", até para aumentar a produtividade e qualidade dos nossos produtos e serviços, sem a necessária perda da "qualidade do ser"?
No filme "Perfume de Mulher", há uma cena inesquecÃvel. Uma personagem cego, interpretado por Al Pacino, convida uma moça para dançar e elaresponde-lhe:
Não posso, porqueo meu noivo deve chegar dentro de poucos minutos.
Mas, num momento,se vive uma vida. (responde ele, conduzindo-a num passo de tango). E esta pequena cena é, para mim, o momento mais marcante do filme.
As pessoas correm atrás do tempo, mas parece que só o alcançam quando morrem enfartados, ou algo assim.
Paraoutros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e esquecem-se de viver o presente, que é o único tempo que existe.
toda a gente tem, por igual.
Ninguémtem mais, nem menos, que 24 horas por dia.
Adiferença é O que cada umfaz do seu tempo.
Precisamos de saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon, "A vida, é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro".
Parabéns por ter lido até o fim. Muitos não leram esta mensagem até ao fim, porque não podem "perder" o seu tempo neste mundo globalizado.
e reflicta até que ponto vale a pena deixar de "curtir" a sua famÃlia, ou os seus amigos. Deixar de estar com a pessoa amada, ou passear na praia no fim-de-semana.
ã, poderá ser tarde demais.
Bom Dia a todos!!!
Autor: Anónimo.
Enfim, texto em brasilês, parece..
Já conhecia o slow-food. Fiquei a magicar uma extensão filosófica a tudo o resto das vidas que levamos. Na minha cabeça, fazia todo o sentido, mas num mundo onde se caminha para o apuramento genético do mais, do mais belo, do mais apto, do mais rápido, do mais adaptável a ritmos cada vez mais infernais, do mais stressado, era melhor nem abrir o bico. Não fosse algum fundamentalista da corrente fast qq-coisa me cair em cima. Andam por esse Mundo milhões de alminhas , levando as suas vidas completamente cheias de tempo de tudo, menos para si. Sempre ocupadas, sempre queixosas, sempre distantes do vazio das suas próprias vidas.
E posto isto, façam-me um favor: tenham um bom, SLOW e descansado fim-de-semana.
|
|
|
|
|
Obrigado ao José Macedo, pelo seu Boletim Urbano deixado na minha caixa de correio. Este post é mais para me lembrar que tenho de actualizar os links ali ao lado.
|
|
abril 07, 2005
|
|
Oiço Seigen Ono, aqui e ali. Fracções. E fico cada vez mais apaixonado pelo som deste álbum. Onde posso arranjar um?
E que tal se comprasses?
Boa...
|
|
|
|
|