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I love mankind; it's people I can't stand.
Charles M. Schulz

 

dezembro 11, 2006

 

Ironia AbruptA

Ironia a um blog (Abrupto) que deixei de ler desde desde tenra idade 'blogueira', a bem da saúde e integridade da minha unidade de aritmética e lógica. Quem é informático percebe, quem não é...

UMA CONSPIRAÇÃO DE HISTÉRICOS: Ena, este tem epígrafe e tudo.

A man who moralises is usually a hypocrite.
Oscar Wilde

Uma vez por outra, a gente exagera. Felizmente, há sempre quem, dotado do bom-senso que nos falta, tenha a generosidade de nos carrilar no trilho da moralidade. Excedi-me em certos textos que publiquei aqui, e a notícia da minha blasfémia saiu, apropriadamente, no Blasfémias. O professor Carlos Abreu Amorim resolveu dar-me uma lição. Refere-se a mim neste texto, sem mencionar o meu nome nem fazer enlace para o que escrevi – atitude que, em si, já contém alguma pedagogia.
Em minha defesa (se é que tenho alguma) devo dizer que, quando escrevi o que se lê aí para baixo, o meu raciocínio foi este: o que se passava com o Abrupto era uma palermice passageira. Um pateta com demasiado tempo livre aproveitava uma falha do Blogger para aborrecer o autor de um blogue. Assim que os informáticos pálidos e com óculos grossos do Blogger conseguissem resolver o problema, o informático pálido e com óculos grossos que naquela altura perturbava o Pacheco Pereira voltaria a dedicar as noites aos sítios de pornografia – onde, aliás, se divertiria mais e melhor. Posto isto, e uma vez que ninguém morrera, falira, caíra em desgraça ou sequer contraíra herpes labial, acreditei que se podia rir do assunto – sobretudo da dramática pose de mártir do Pacheco Pereira. O professor Carlos Abreu Amorim ensinou-me que não. Nem desenhos sobre Maomé nem graças sobre o Abrupto. Todo o riso sobre o blog do Pacheco Pereira é alarve. Quem ousa deixar de exibir a mais funda consternação quando “o blogue de comentário político com maior audiência em Portugal” sofre um ataque (pausa para verter uma lágrima) tão vil? É preciso não esquecer que se trata do blogue “que mais influência tem no incremento da nossa blogosfera”, e ai de quem não estiver sempre ao lado de quem mais influencia o incremento. A nossa blogosfera precisa de quem a incremente como do pão para a boca. Não preciso de chamar a atenção para outras blogosferas que, por não serem incrementadas pelo Pacheco Pereira, definham e acabam por falecer sem honra.
Confesso que só compreendi toda a gravidade do problema quando o professor Carlos Abreu Amorim me fez ver a situação de “sabotagem inadmissível” em que o Pacheco Pereira se encontra: um homem que, nos dez dias em que o ataque ao blogue dura, publica nesse mesmo blogue cerca de 50 (cinquenta) entradas de texto, incluindo várias que descrevem minuciosamente o modo como um pirata o anda a amordaçar, está clara e inadmissivelmente amordaçado. Quando o apanharem, tudo o que seja menos que a pena de morte, para este pirata, saberá a pouco.
O professor Carlos Abreu Amorim ensinou-me também que, embora não seja a primeira vez que uma coisa semelhante acontece a um blogue, nem mesmo a um blogue português, desta vez é que é grave. Desta vez estamos perante uma “questão” – que tem uma “essência” (como é quase sempre inevitável nas questões), e todos devíamos estar recolhidos a reflectir sobre ela. O ataque ao Abrupto não é uma parvoíce incipiente – é um golpe no coração da democracia e, suspeito, da própria civilização ocidental. Acredite que quero manifestar sincero repúdio, professor. Quero clamar por justiça. Quero pagar, do meu bolso, uma quadrilha de carpideiras. E quero anunciar a todos que quem me ensinou a condenar o riso alarve foi o autor desta divertida nota sobre a Constança Cunha e Sá. E ai de quem se rir disso. RAP