in Parte 1 Os seres humanos são, por natureza, obcecados pelo sexo. Mas não se trata de uma obsessão fortuita. É uma consequência da selecção natural. Aqueles que não eram obcecados pelo sexo não se chegaram a reproduzir e nós herdámos a obsessão pelo sexo daqueles que se reproduziram. A obsessão pelo sexo está relacionada com a obsessão pelo poder. O poder é apenas um meio para conseguir sexo, mas não o sexo pelo sexo, mas o sexo que gera descendência. Quem tem poder político tende a seguir estratégias de maximização da descendência. É natural que o homem democrático tenha também as suas estratégias para maximizar o seu sucesso reprodutivo. Se bem que se conheçam alguns casos de Estados democráticos que recorreram, tal como os antigos imperadores chineses, à castração física das minorias (deficientes e párias sociais, no caso da Suécia entre 1934 e 1974), tais métodos são, compreensivelmente, impopulares. Em democracia, a maioria recorre à castração económica da minoria. Os subsídios à natalidade servem para captar uma fatia do eleitorado oferecendo em troca garantias económicas de que esse segmento terá mais hipóteses de se reproduzir com sucesso. O actual Governo optou por distribuir a maior parte dos incentivos à natalidade pela população de classe mais baixa, provavelmente por acreditar que este é o segmento mais fácil de captar. in Parte 2 Quase cem anos depois o catolicismo ainda cá está, enfraquecido, é certo, mas com influência social e política. Os republicanos sobrestimaram o valor das próprias ideias, mas, principalmente, subestimaram uma das principais vantagens competitivas do catolicismo: a capacidade de gerar mais católicos por reprodução sexual. Aquilo que torna o ateísmo republicano atractivo, uma vida hedonista sem obrigações perante um deus, é também aquilo que lhe limita as possibilidades de reprodução do ateísmo. Os hedonistas ateus não se sentem na obrigação de se reproduzir. Por serem hedonistas, são pelo sexo sem as responsabilidades da reprodução. E por isso tenderão a ter taxas de natalidade mais baixas. Os católicos têm a obrigação, imposta pelo deus em que acreditam, de ligar a respectiva vida sexual à reprodução. E por isso, mesmo que nem todos sigam à risca os ditames da sua fé, existirão sempre católicos com taxas de natalidade elevadas. in Parte 3 Gregory Clark, professor de Economia americano, estudou a fecundidade dos ingleses entre 1250 e 1800. Chegou à conclusão de que os ricos deixavam mais descendentes do que os pobres. Gregory Clark está convencido de que a selecção dos ricos levou a uma alteração das características da população inglesa, que por sua vez levou à Revolução Industrial. De acordo com Clark, em 1800, a sociedade inglesa era constituída pelos descendentes dos mais bem sucedidos nos séculos anteriores, os quais herdaram as características necessárias para atingir o sucesso. A Revolução Industrial terá resultado, portanto, da predominância dessas características em todos os sectores sociais. Clark defende que a História de Inglaterra desde a Idade Média à Revolução Industrial é dirigida pelos mecanismos impessoais da selecção biológica ou da selecção cultural. As características das pessoas economicamente bem sucedidas foram passadas aos seus filhos através da educação ou através dos genes. O trabalho de Clark demonstra a importância dos processos de selecção biológica e cultural. Estes processos não dependem de nenhum indivíduo em particular nem são controláveis pelo Estado. As políticas natalistas, por interferirem nos processos impessoais de selecção podem ter consequências imprevisíveis a longo prazo.
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