<$BlogRSDUrl$>
I love mankind; it's people I can't stand.
Charles M. Schulz

 

maio 19, 2010

 

Que pérola….

 

Vejam lá se adivinham quem é, NOS DIAS DE HOJE, este estudante em tempos ferrenho maoísta.

….Ele há coisas….

Etiquetas: , , , , ,

 

fevereiro 06, 2010

 

Determinantes sociais da Saúde

>> Jornal de Negócios

O título deste artigo sintetiza a principal conclusão de um notável relatório lançado recentemente pela Organização Mundial da Saúde. Coordenado por Michael Marmot, uma referência incontornável na área dos "determinantes sociais da saúde", ...

Coordenado por Michael Marmot, uma referência incontornável na área dos "determinantes sociais da saúde", e tendo a colaboração, entre outros especialistas, do Prémio Nobel da Economia Amartya Sen, este relatório oferece-nos um retrato realista da extensão das desigualdades nacionais e internacionais na área da saúde, dos mecanismos sócio-económicos que as geram e dos principais meios para as superar. Fá-lo através de uma impressionante recolha de evidência estatística, de estudos de caso e de análise histórica e institucional. O assunto não admite relativismos de nenhuma espécie e sobretudo não admite o subjectivismo egoísta que justifica todas as insanas utopias de mercado. Trata-se aqui de uma questão de vida ou de morte. E as utopias de mercado matam. Literalmente.
Os EUA são o país mais rico do mundo e o que mais gasta, em percentagem do PIB, com o seu ineficiente sistema privado de saúde. No entanto, a esperança média de vida é das mais baixas entre os países desenvolvidos. Um norte-americano branco e rico pode esperar viver oitenta anos enquanto que um norte-americano negro e pobre apenas pode esperar viver sessenta e três, menos um ano do que um habitante das Filipinas. Do outro lado do Atlântico, a desigual Grã-Bretanha apresenta padrões idênticos. Na cidade de Glasgow, por exemplo, alguns quilómetros de distância determinam que dois cidadãos de uma mesma comunidade política possam esperar viver cinquenta e quatro anos ou oitenta e dois anos.
A maior vulnerabilidade à doença é uma das injúrias mais marcantes das cavadas divisões de classe. A precariedade laboral, sintoma de vulnerabilidade numa esfera essencial da vida, também tem um impacto negativo na saúde dos indivíduos. A identificação de padrões relevantes e dos seus mecanismos causais multiplica-se ao longo do relatório. Os países com maiores desigualdades económicas tendem a exibir, para níveis mais ou menos idênticos de desenvolvimento económico, piores indicadores nesta área. A maior robustez do Estado Social, a natureza pública da provisão de bens essenciais, o alcance das políticas públicas de redistribuição ou a maior e melhor regulação dos mercados, em especial do "mercado de trabalho", são decisivos para que todos os cidadãos possam ter vidas longas e saudáveis. A natureza da provisão dos serviços de saúde é obviamente parte essencial destes "determinantes sociais". Os sistemas públicos e universais, financiados por impostos progressivos, são, segundo o relatório, a melhor solução. Neste contexto, conclui-se sensatamente que "a comercialização de bens sociais vitais, como a educação e a saúde, produz iniquidade na área da saúde". É por isso que "a provisão destes bens sociais vitais deve ser da responsabilidade do sector público, em vez de ser deixada aos mercados". A evidência estatística não mente. Quanto maior é o peso das despesas privadas no total das despesas em saúde, menor é a esperança de vida. A evidência histórica também não mente. O relatório tem o grande mérito de nos lembrar indirectamente, pelos bons exemplos que menciona, dos países nórdicos ao Estado indiano de Kerala, o que já se sabia por outros estudos: movimentos sindicais e socialistas com poder ajudam muito.
A saúde das pessoas é então o resultado das suas circunstâncias sociais. É por isso preciso, como dizia Karl Marx, ter a capacidade de organizar humanamente essas circunstâncias. Quando tal não acontece, quando os recursos, as oportunidades e o poder são distribuídos de forma excessivamente desigual, então, como mostra o relatório, a possibilidade de grupos sociais bem identificados, por questões de classe, de género ou de etnia, terem acesso às condições que permitem o florescimento humano é posta em causa. A teoria social e as nossas melhores intuições morais dizem-nos assim que estamos perante uma situação de injustiça social evitável. O relatório mobiliza ambas para nos informar sobre a forma como as múltiplas faces da injustiça prejudicam a nossa saúde. Como sempre acontece, superá-las é a tarefa inadiável de uma comunidade política digna desse nome.


Nota: O relatório está disponível em www.who.int/social_determinants. Para uma boa síntese da literatura académica sobre o assunto, o leitor interessado pode consultar com proveito Richard Marmot e Richard G. Wilkinson (orgs.), Social Determinants of Health, Oxford, Oxford University Press, 2006 e Richard G. Wilkinson, The Impact of Inequality – How to make sick societies healthier, Londres, Routledge, 2005.

Etiquetas: , ,

 

novembro 11, 2009

 

Alô Brasil?

Sentindo misógino o suficiente, para escrever isto.

A respeito do folhetim que se passou na Universidade de Bandeirantes (Uniban), desse país considerado liberal como é o grande Brasil. Ao que parece, uma estudante assim para o atrevidinha tem enfrentado a comunidade universitária com a sua atitude indumentária, leia-se a bela da saia curta. Comunidade essa que, ao contrário das comunidades universitárias que conheço, opôs-se a tal atitude tendo até entrado em confronto com a dita safadinha. Bizarro ainda mais, tudo isto se passando no Brasil.

A Uniban não se põe de modas e expulsa a menina Geisy.

Começa aquela onda de reações do costume. A Uniban não deve ser muito abundante em safadinhas, pelos vistos. Eu explico: só uma escassez de safadinhas naquela universidade   poderia causar tamanha (e transatlântica) dôr de cotovelo na audiência masculina. Ou então a dita safadinha também já deve ter feito das suas a alguns tristes rapazes universitários. Quem não as conhece (ainda por cima nestas idades)  que as compre! já dizemos cá em Portugal. E as mocinhas são muito profícuas em sonsarias deste género, e depois vêm com todo este show de lágrimas.

Continuando o meu débito de fel: entre as reações de vários quadrantes na sociedade, vêm as militantes alas feministas choramingando que a dita aluna é um símbolo da opressão das mulheres, blá blá a conversa do costume, até dizerem que as mulheres não podem exprimir a sua sexualidade. Ah! Então era isso! Por um lado estes sectores atacam ao primeiro sinal de assédio, gritam “falta!” e que a mulher é constantemente tratada como objecto. Mas neste caso não, a safadinha tem toda a liberdade para se passear com o pernal ao léu, e a rapaziada que se arrume (no Brasil: que se vire!) , e traga mais papel higiénico para as aulas e pronto!

Eu acho que a rapaziada devia contra-atacar e vir para as aulas com roupa mais liberal ainda  sei lá , algo que coloque bem em evidência o orgulho sexual masculino (para não dizer exposto). Sei lá! Porque à rapaziada apetece exprimir a sua sexualidade!

Conclusão: Quando as mulheres pensam que podem entrar no debate politico é uma desgraça só.

Solução: Eu digo SIM ao sistema de ensino separado por género! Mas já sei que estou só.

Tenho dito.

>> Expelled for wearing a miniskirt… in Brazil

>> Novas imagens mostram reação de estudantes a aluna com minivestido

>> Brazil minidress woman readmitted

Etiquetas: , , ,

 

setembro 13, 2009

 

Medina Carreira em entrevista á VISÃO:

 

Isto parece o Estado Novo

Excertos:

Não tem netos...
Não, mas tenho pena. Às vezes sinto falta de um, aqui, às cavalitas...

Mas atendendo ao que diz do País, não é muito prudente pôr uma criança neste mundo...
Se os pais tiverem juízo, vale a pena. Eu, se fosse pai, tentaria que o meu filho aprendesse qualquer coisa, nem que fosse para sapateiro. E que falasse bem Inglês e uma das línguas que farão falta no futuro: russo, chinês ou árabe. Toda a influência do mundo vai passar para esses países.

O senhor dá a ideia de ser uma pessoa disciplinada e disciplinadora. Tem a ver com essa sua formação, nos Pupilos?
Tem a ver com o meu pai, que era um educador a sério, exigente. A escola militar terá tido a sua influência mas eu sou também um homem de ordem. Tenho muita ordem na cabeça e pouca ordem nas mãos...

Entretanto, saiu, foi à Guiné e voltou. Veio para Portugal fazer o quê?
A escolha era entre ir para o Técnico ou não. Como não me apetecia, estava mais virado para as questões sociais, queria ir para Economia. Mas não tinha forma de ir, porque era da área de engenharia. E como admitia ter de fazer uma parte dos estudos a trabalhar, inclinei-me para Direito, que era mais compatível. Só que, vindo do ramo de Engenharia, não dava para ir para Direito. (Fazia confusão ao dr. Salazar...) Andei então para trás. Fui a Coimbra fazer um curso de Ciências Pedagógicas (CP), que me permitia saltar para qualquer curso.

Quanto tempo?
Um ano, cinco cadeiras. Mas saú então um decreto a dizer que os de CP não podiam, afinal, inscrever-se em qualquer curso...

E o que fez?
Fui ao Ministério da Educação e arranjei logo uma questiúncula. Estava lá um padre, que foi atendido primeiro do que eu, não achei bem, enfim...

Tem alguma crença religiosa?
Não, sou agnóstico. Já o meu pai era. A minha mãe é que era católica.

[...]

Casou com que idade?
Com 23 anos. Acabei o tal liceu aos 26 anos, no Liceu Camões. Dava aulas, fui empregado de escritório e técnico fabril.

No Barreiro...
No Barreiro. Era chefe do sector da produção de aço.

Para isso tinha de ter ordem nas mãos...
Para desenho e essas coisas tive sempre muito jeito. Finalmente, acabei Direito com 31 anos, comecei a advogar, etc..

Mas ainda foi para o ISEG.
Sim, o então ISE, para tirar Economia. Mas já era advogado, tinha muito trabalho e acabei por não completar.

Herdou do seu pai, que foi historiador, o sentido da História, na sua observação do País?
Herdei, sobretudo, o sentido do rigor, da disciplina, da honra, da fidelidade à palavra e o desinteresse pelo dinheiro. A coisa que me custa mais é discutir dinheiro.

Que percepção é que tinha, em jovem adulto, do Estado Novo?
A República teve de chamar o Salazar. Tinha de ser aquele ou outro qualquer. Até 1945 não era fácil ter feito muito melhor. Mas, a partir da guerra, percebi que o Salazar estava fora do tempo.

Mas já tinha alguma vocação, ou actividade política?
Actividade, não. Mas sempre tive muito interesse pela política. Enfim, estive na greve de 1962, embora mais velho que os meus colegas.

Com 27 anos, como viu a candidatura de Humberto Delgado?
Viu-se que o regime ia descambar. Mas o desmoronamento foi em 1960, 1961. E eu vejo hoje Portugal a desmoronar-se de forma parecida: sem norte, sem chefia esclarecida, sem elasticidade, sem capacidade de adaptação... Sinto hoje um Portugal tão trémulo como nos últimos dez anos do Estado Novo.

O 25 de Abril apanha-o com 42 anos. E motiva a sua intervenção política?Eu entrei para o PS antes do 25 de Abril, pela mão do meu colega e amigo José Magalhães Godinho, em 1973. Já conhecia o Mário Soares. Havia, na Baixa, um restaurante, com uma mesa sempre reservada para os advogados, e parávamos lá os que não concordavam com o regime. E foi lá que conheci o Soares. Voltei a vê-lo quando o fui esperar a Santa Apolónia, incógnito, no meio de milhares de pessoas,.

Mas o senhor alguma vez foi socialista? Quem o ouve hoje...
Aquele socialismo, que era viável naquele tempo, não é viável hoje. Esse é que é o problema. Hoje, é uma burla.

Entrou, então, no VI Governo provisório, de Pinheiro de Azevedo, para sub-secretário de Estado do Orçamento. Num período completamente convulsivo...
Eu entrei em Outubro, a pedido do Salgado Zenha, que não tinha ninguém para tratar dos impostos...

Zenha que era o seu ministro das Finanças, apesar de ter dito que não percebia nada de Finanças...
Não percebia nada daquilo, coitado, mas tinha uma boa cabeça. E era um homem honrado. E tinha uma grande equipa. O Artur Santos Silva, o Vítor Constâncio, o António Sousa Gomes, o Sousa Franco, a Manuela Morgado... A equipa de ouro, como se chamava. Fui eu - ninguém sabe, mas já agora, conto-lhe - quem propôs cadeia para a fraude fiscal. Que não havia.

E quantas pessoas foram presas até hoje?
(Risos) Talvez um desgraçado, um tal Viola, ou lá quem foi, por descuido. A partir desse momento eu percebi que isto não vai longe. Nunca irá para a cadeia nenhum trafulha por razões fiscais...

E como encontrou o Ministério das Finanças, naquela época?
A primeira vez que lá entrei era só gente, muita gente nos corredores, uma grande confusão... À porta do ministro havia uma espécie de caixote de sabão, com uma máquina de café. Um contínuo numa secretária de torcidos e tremidos, um tampo de vidro todo partido e, em cima, as imagens de umas senhoras ligeiramente despidas... Foi o meu baptismo.

No I Governo de Mário Soares, vai a ministro.
Um dia, o Zenha manda-me chamar. No gabinete dele estava o Soares. 'Você não quer ir almoçar connosco?' Fomos a uma tasquinha, em Belém, eu, o Sousa Gomes, o Zenha e o Soares. Eu estava a arrumar a minha trouxa para abandonar o ministério, tinha havido eleições ia formar-se o I Governo Constitucional. O almoço era para me convidarem para ir para ministro das Finanças. Olhe, o meu pai não gostava de política. A minha mulher via isto com muito maus olhos. Mas aquilo da política era, na altura, uma espécie de serviço militar obrigatório. E lá aceitei. Até hoje, ainda perco dinheiro com a política!

Ficou como tendo sido o artífice da negociação com o FMI...
Mas não é verdade. Quem esteve nisso foi depois o Vítor Constâncio e o Silva Lopes. Eu nem concordava com o acordo com o FMI. Aliás, vi logo que estava mal no Governo, porque não conseguia fazer a minha política, ninguém concordava comigo.

Mais tarde, Soares teve de dar carta branca ao Ernâni Lopes...
Pois, mas aí, o Soares já era outro, já tinha percebido a importância das finanças e estava apertado... E o Ernâni fez um grande lugar.

O senhor sai do PS em 1978...
Sim, em ruptura contra o chumbo, na AR, do Governo do Nobre da Costa. Depois, por influência do Mário Soares e do Almeida Santos, voltei, em 1983. Mas saí de novo, em 2000, ou 2001, por causa daquela trafulhice da reforma do património, no tempo do Guterres. Percebi que aquele partido era dirigido por gente sem palavra e eu não me dou com gente sem palavra.

Como se vê nas suas intervenções, e neste novo livro, continua zangado - e um pessimista inveterado.
Sou um pessimista sob condição. Se continuarmos com estas instituições a funcionar tal como estão, os dirigentes políticos que para aí andam e mais o seus acólitos, que vivem da política, eu sou um imenso pessimista.

Mas como não se vê grande alternativa é mesmo um...
...Pessimista! Mas imagine que aparece uma pessoa, com uma ideia política...

Um homem providencial?
Deus me livre! Não, um homem preparado...

Ou uma mulher...
Ou uma mulher, claro. Se calhar, até prefiro uma mulher. Mas que tenha uma profissão e preparação. O mal é que grande parte dos nossos políticos não tem preparação.

Os políticos profissionais também estão no poder noutros países da União, que estão melhor que nós...
Sim, é essa a diferença. Nós somos mais pobres e estamos a ficar ainda mais pobres, em relação à Europa.

Mas mais ricos do que éramos antes, não?
Trinta anos depois, tínhamos de estar um bocadinho, com qualquer regime, até com o Salazar. Mas a verdade é que nos abrimos à Europa como tínhamos de abrir, fizemos algumas coisas meritórias, mas há muito da nossa vida que é uma aparência. Daqui a cinco anos, o meu amigo pode estar a dever, sem dar por isso, 42 mil euros ao estrangeiro, quando, em 2000, devia 4 mil. Há uma parte da nossa vida que é ficção.

Mas todos os países estão endividados... Qual é o endividamento dos EUA?
Não compare. Os EUA têm moeda própria e, logo aí, têm um instrumento...

Mas o nosso problema foi a adesão ao Euro?
Nada disso, eu concordei com a adesão. Mas isso introduziu um grau de rigidez na nossa competitividade que nos está a matar.

Então foi mau...
Não foi mau. Teríamos é de fazer coisas que não fizemos, depois da adesão. Aderimos bem. Mas temos vindo competitividade, que é a capacidade de vender os nossos produtos. Dantes, disfarçava-se com o facto de termos uma moeda própria. Fazia-se a desvalorização. Lembro-me de uma sexta-feira, era eu ministro das Finanças, fui à RTP anunciar uma desvalorização de 15 por cento. Na segunda-feira seguinte, aquilo que comprávamos ficou 15% mais caro. E o que vendíamos, 15% mais barato. Ao perder o instrumento de manobra cambial introduzimos uma rigidez a que os políticos não ligaram suficientemente.  Diz que eu estou pessimista? Olhe, no outro dia, depois de ter ido à SIC, houve um grande economista que me ligou e me disse: "A única coisa em que discordo de si é que eu estou um bocado mais preocupado..."

Mas o senhor já fazia previsões catastróficas há dez ou 15 anos. Nesta altura Portugal já não devia existir. O que correu menos mal?Catastróficas, não! O que eu digo - e se calhar, essa mensagem não passa - não é para "amanhã". A sociedade portuguesa está viciada em falar "ontem" para "amanhã". Ora, a direcção que o nosso País leva não se mede entre dois centímetros, mas em dois metros. E se vir como estávamos em 2000 e como estaremos em 2010, verá. A longo prazo, anda não errei nada! Em 1995 escrevi um livro sobre políticas sociais. E disse que era absolutamente necessária uma reforma da Segurança Social antes do séc XXI. Ela só se fez agora, em 2006... Este ministro fazia parte da equipa que engonhou aquilo tudo. Disseram ao Guterres que isto estava garantido até ao fim do séc. XXI! Quem percebe isto dez anos depois, não deve ser ministro!

Mas olhe que os economistas falham muito nas suas previsões. Viu-se na crise e está a ver-se nas previsões sobre a retoma...
O problema é diferente. Temos de olhar para os gráficos. Para a evolução da nossa Economia. A tendência de estagnação e empobrecimento. É perante esta tendência que eu digo "cuidado". Porque, ao mesmo tempo que temos uma economia menos produtiva, temos um estado que exige cada vez mais meios para sustentar os seus compromissos sociais! E a despesa social está a crescer três vezes mais do que a Economia!

Mas num país em que as pessoas já passam tantas dificuldades, podemos prescindir das despesas sociais do Estado? Não seria ainda pior, para as pessoas?
Mas isso não serve de nada! O senhor não pode fazer política social com dinheiro emprestado!

Mas o senhor, que já critica tanto os serviços públicos, o que diria se o Estado fechasse ainda mais a torneira?
Eu não critico os serviço públicos por uma questão de falta de dinheiro. Critico, por exemplo a Educação, que é uma vergonha e um crime que os políticos estão a cometer. Critico o funcionamento da Justiça. A burocracia.

Mas melhorou  um pouco... hoje podemos pagar os nossos impostos pela internet, por exemplo... Não podemos estar sempre a dizer mal de tudo...
Não quero subestimar essas coisas! Isso é óptimo! É um salto qualitativo dos serviços públicos! Mas isso não tem a ver com o sistema  fiscal, que  não está melhor. Está cada vez pior. Nesta área, o sistema legal está péssimo. O de execução melhorou muito, graças ao Paulo Macedo [ex-director-geral dos Impostos]. Mas o dos tribunais está, também, péssimo. As minhas críticas são de estrutura.

Se lhe pedissem que lhe salvasse as Finanças do País, faria um discurso similar ao de Salazar, quando lhe pediram o mesmo? É que o diagnóstico que faz do estado do País é idêntico ao que ele fazia...
Há uma parte do diagnóstico que é parecido. Nós chegamos a um ponto em que gastamos muito mais do que aquilo que fazemos. O contexto do Salazar era muito próprio. Quando foi convidado, a primeira vez, esteve cá cinco dias. Percebeu quem era aquela gente. Mas em 1928 estávamos estrangulados. E o Salazar vinha escrevendo que isto só tinha uma solução, mexer no Orçamento. Com os empréstimos externos cortados, tiveram de ir buscá-lo. Portanto, isto dá-nos uma lição: ou percebemos a tempo a nossa doença, ou um dia teremos um Salazar.

Então, é de uma pessoa dessas que está à espera.
Não, não estou à espera. É verdade que ele, entre 1928 e 1945, tirando as tropelias politiqueiras, foi o tipo de que o País precisou. Mas a desgraça recomeça em 1945. E, a partir de 1960, foi o fim. Nós, hoje, para mantermos uma política orçamental, mantendo as despesas sociais, temos de arranjar outra economia. E temos de reduzir as despesas.

Despesas sociais?
Inevitavelmente, algumas. Só o dinheiro que a malta recebe do Estado leva 78% do bolo... A única coisa que podemos fazer é fazer com que a Economia dê mais dinheiro. Senão, temos de reduzir despesas, a doer.

Compara muito estes tempos com o estertor final da monarquia. Em que havia, se descontarmos a efémera ditadura de João Franco, dois partidos, esgotados e corruptos, que se alternavam no Poder - os progressistas e os regeneradores. Como o PS e o PSD de hoje?
Esta democracia não funciona. Os partidos fecharam-se porque não querem gente de qualidade lá dentro.

Ou é a gente de qualidade que não quer ir para os partidos?
Talvez, também. Mas é mais provável a primeira hipótese. Os partidos tomaram conta do dinheirito e as pessoas lá dentro esgatanharam-se para disputar a mesa do Orçamento. E o pessoal de qualidade está a governar-se por fora. O que tem a ver com as grandes obras que este Governo quer fazer, para dar dinheiro a ganhar a alguém. Estes projectos são criminosos.

O TGV, o novo aeroporto...
Todas essas porcarias! Não são absolutamente essenciais, em primeiro lugar. E precisamos é de um Governo que crie as condições para atrair investimento estrangeiro e interno.

Mas um País sem produtos naturais, petróleo, diamantes, etc., o que deve fazer para enriquecer? Que clusters deve explorar?
Não me interessam os clusters. Preciso é de ter um conjunto de condições que atraiam investimentos. externos e internos.

Os internos... enfim, há quem diga que os nossos empresários são tão fracos como o próprio país...
Costumamos dizer quer os empresários são sempre incompetentes, os advogados uns gatunos, etc... Tudo isso tem uma parcela de verdade, todos nós temos uma certa rasquice incorporada... Temos que viver com ela. Mas não estamos cingidos aos empresários nacionais. Temos é de arranjar condições para que quem queira investir, invista. Essa coisa dos clusters é tudo conversa. Numa economia de mercado é o investidor que escolhe.

Mas num País sem recursos, o Estado tem de revelar alguma imaginação para estimular isso...
O Estado tem de ter caco: os tribunais a funcionar bem e impedir que só haja imbecis a sair da escola. Isto é que são funções do Estado. A sua é escrever, a minha papaguear e a dos empresários investir! E eles investirão, se ganharem dinheiro. Ora, com o sistema de Justiça, a funcionar como funciona, o sistema fiscal também, e a corrupção a alastrar, ninguém vem para cá. Se o Estado fizer isto bem feito - e não é pouco - já actuará bem.

Mas a deslocalização do investimento não afecta só Portugal. Também afecta os nossos parceiros, onde há mais protecção aos trabalhadores.
Os governos têm de dizer: 'Meus senhores, ou querem os empregos e passam a ganhar menos, ou querem mais dinheiro e não há tantos empregos'. As pessoas podem optar - e a democracia é isto. O País pode dizer: ' Ah, então antes queremos ser pobrezinhos, enrascados, passar o tempo na praia a apanhar sol' e tal. Pronto, então tudo bem. Ou então as pessoas querem viver melhor - e a malta quer viver melhor, coitada! E com toda a legitimidade.

Há uma ideia sua, neste livro, em que lembra que outros, na Ásia, ganham menos, não têm contratos vinculativos nem poder reivindicativo, nem são defendidos por organizações sindicais. E o senhor acha isto bem?
Eu não acho bem!

Mas quer que se faça igual!
Não. O que eu digo é que se o senhor não tiver nada, nenhum trabalho e, portanto, nenhum rendimento, como é que vive?

Temos de optar pelo mal menor?
O que eu digo é que as pessoas, ou o Governo, não fazem a mínima ideia do mundo em que vivem.

Mas uma das soluções é pôr o País a funcionar, em termos laborais, como a Ásia...
Não é como a Ásia! Os outros países da Europa funcionam!

Mas estão com problemas similares aos nossos, desse ponto de vista do emprego...
Mas já viu populações ricas num país pobre, que não produz? Isso é que nunca existe.

E nos programas eleitorais, viu alguma proposta que o entusiasmasse?
Não. Os programas eleitorais, com a dimensão que têm, são uma falcatrua.

O do PSD é mais sintético.
Está bem, mas tenho ouvido o que a dra. Manuela Ferreira Leite tem dito e chega-me. Os programas são uma burla. Feitos para ninguém ler. São como as apólices de seguro: feitos para o eleitor nunca ter razão. Estão a fazer do pagode idiotas chapados.

Mas o CDS propõe baixa de impostos, o PSD quer acabar com o pagamento especial por conta... coisas que o senhor também defende.
O CDS não percebeu que diminuindo os impostos, o Estado tem um défice maior.

Mas o senhor também defende essa baixa, neste livro.
Mas quando for viável.

Mas isso é o que diz a líder do PSD!
Está bem. Mas neste momento não é possível nem vai ser tão cedo.

Nem para atrair o tal investimento estrangeiro?
Isso é outra coisa. Se fizermos as contas e tivermos a certeza de que resulta, então sim, é um toma lá dá cá. Mas dar borlas para depois eles não virem para cá, isso não. Se a Economia não mudar, os problemas financeiros agravam-se, os problemas sociais também e os políticos. A economia é o suspensório.

O senhor preconiza um governo de iniciativa presidencial com dirigentes que venham das profissões...
... Ou dos partidos.

Mas isso é fazer tábua rasa de eleições.
Não é. Claro que os partidos teriam de concordar com esta solução transitória, para poderem fazer uma limpeza, renovar-se. A ideia era atirar para outra entidade a solução que os partidos não encontram.

Mas tanto Guterres como Sócrates foram buscar independentes e pessoas vindas, por exemplo da Academia.
Essas coisas, normalmente, são para apanhar uns oportunistas. Têm sido uns pára-quedistas.

Mas veja o prof. Sousa Franco, por exemplo. Um académico, que não era aparatchik de nenhum partido. Ou no Governo Sócrates, que também teve figuras com este perfil. E as coisas não mudaram muito...
Veja: no Governo Sócrates, o Campos e Cunha saiu quatro meses depois. Porquê?

Mas como avalia o desempenho do seu sucessor, Teixeira dos Santos?Avaliei positivamente até ao momento, há um ano e meio, dois anos, em que ele também começou a ser politiqueiro.

Mas um Governo de iniciativa presidencial tem mesmo pernas para andar?Não. Mas o que quero dizer é uma coisa parecida, alguém com o consenso do PS e do PSD.

Um Bloco Central sem Bloco Central?
Exactamente. Alguém a quem se confira um mandato de confiança.

É quase um concurso público e a melhor oferta governava o País...
Não, era dar a possibilidade de os partidos terem quatro ou cinco anos para se arrumarem e correrem com a escumalha que para lá anda.

E se o País sair ingovernável das eleições? Cavaco - que o senhor apoiou - não deverá ter alternativas em cima da mesa?
O que eu sei é que se nenhum partido tiver maioria, entramos num caminho em que o dinheiro que vem lá de fora vai acabar. O primeiro solavanco que teremos, já na próxima legislatura, será um problema de crédito externo.

Mas se for tirar a um português de classe média o seu segundo carro, as férias em Cancoon e o pequeno-almoço fora todos os dias, porque ele que deve não sei quanto ao estrangeiro, como acha que ele lhe responde? Não dirá 'quero lá saber'?
Se me derem uma hora e meia em televisão, em canal aberto, garanto que viro muita gente do avesso. Basta começar a falar na qualidade da educação e de onde isso nos levará.

Mas, no seu tempo, a Educação tinha melhor qualidade? Com meio país analfabeto? E se tinha, como chegámos à situação actual?
Lá está você a confundir! Para as pessoas aprenderem não era preciso estarem lá todos! O abandono escolar, quando é feito por aqueles que não andam lá a aprender nada, é uma coisa boa! Nem gastam dinheiro à gente nem chateiam os outros! Esta ideia imbecil da escola inclusiva serve para depositar dentro de quatro paredes uns tipos! Para que o eng.° Sócrates e a Maria de Lurdes Rodrigues lhes passem, depois, um papelucho! Um tipo com cabeça devia perguntar, olhando para o papelucho: 'E isto serve para limpar o quê?'

Mas exagera um bocadinho. No seu tempo, em que a escola era tão "boa", havia 30 ou 40% de analfabetos. Hoje não há uma criança que não saiba aceder à internet. Não acha que melhorámos?
Se a criança souber ler, escrever, ler, contar, pensar, expor, tudo bem. O Magalhães vai morrer por si próprio. As crianças escangalham aquilo tudo rapidamente ou vendem-no na Feira da  Ladra...

Mas os paradigmas do conhecimento mudaram, em relação ao seu tempo. É melhor ter computador do que não ter...
Sim, mas as coisas têm o seu tempo. Eu prefiro que eles estudem a tabuada. O problema é que isto é dirigido por gente que apanhou uns diplomas. Se tivessem estudado 30 anos, como eu estudei... Esta gente, a Lurdes Rodrigues, o Sócrates, etc., são do tempo do diploma fácil... É como as Novas Oportunidades, uma trafulice que ptretende dar em seis meses formação que só pode adquirir-se em três anos. Os patrões não vão engolir isso, quando se tratar de empregar as pessoas. Os asiáticos estão a progredir porque exigem muito mais do sistema educativo.

Mas alguma vez tivemos tanta gente qualificada como hoje, em Portugal?As elites são mais qualificadas do que no meu tempo. Mas o resto é muito pior. Eu deixei de ensinar, porque era um horror. Um dia encontrei um moço a quem perguntei: 'Mas, afinal, quando é que se vai embora? Quanto exames já fez comigo?' 'Fiz dez', disse ele. Quem quer estudar deve estudar. Quem não quer, mais vale fazer outra coisa. O que critico, no ensino inclusivo, é não dar alternativas na saída profissional, para quem não tem capacidade para chegar à universidade.

Falou das eleites. No livro acusa os banqueiros, que se supunham fiáveis, de se mostrarem indignos de confiança. E aponta o dedo ao País. Mas isto não sucedeu, ainda com maior acuidade, nos outros países?
Sabe que o Madoff já está atrás das grades. E os EUA são os EUA. E eles, enquanto tiverem uma moeda que é aceite em todo o mundo...

Nós também temos...
Não é bem nossa. Nós somos uns penduras que estamos lá. Mas os EUA têm a nota verde. Enquanto a tiverem, e o potencial de riqueza que têm, não tenha pena deles. Mas essa história dos banqueiros é completamente chocante. Eu não sou contra as altas remunerações para quem, realmente produz em conformidade. Mas, tirando um ou outro, os que estão na alta finança, e que vêm, muitas vezes, dos partidos, são uns aselhas como os outros. E estas pessoas ganhavam milhões por serem gestores geniais! E sérios!

Neste livro, o senhor decreta o fim da social-democracia e do Estado social.
Eu não decreto. A realidade é que decretou. Não há democracia válida se os países não tiverem sustentabilidade económica. Acha que temos uma democracia a sério? Olhe, eu queria uma democracia como esta: o senhor Olmert, primeiro-ministro de Israel, foi acusado de se ter abotoado com uns dinheiros. Vai ser julgado. O presidente da República envolveu-se num escândalo sexual. Foi despejado. O senhor Nixon fez aquela pantominice do Watergate e foi-se embora. Uma democracia tem de ter um sistema judicial que funcione. E em Portugal? É o Freeport, são os sobreiros, os submarinos, os bancos... Tudo! Em Portugal, o Poder não quer que a justiça funcione. porque isso lhe trará dissabores.

Mas voltemos ao Estado social e à social-democracia...
A social-democracia tenta igualar o mais possível a dstribuição de riqueza e desenvolver um conjunto de mecanismos que protege as pessoas em dificuldades. Foi um óptimo sistema enquanto houve dinheiro. E havia poucos reformados, e os estados tinham política económica. Agora, os estados receberam o passivo das políticas sociais, mas não os aspectos positivos: riqueza, pleno emprego, etc.. Se desapareceram os alicerces do Estado social, este passou a ser ficção. Estamos a fingir. Ou os políticos social-democratas repõem a economia, ou nada feito.

Mas o senhor profere estas afirmações numa altura em que o neo-liberalismo falhou mais clamorosamente e as ideias do socialismo democrático parecem regressar...
O que se passou foi o abuso da liberdade contratual.

Por ineficácia do Estado como regulador...
Exactamente! E eu não sou nada contra a intervenção do Estado! Mas a razão por que esta crise não me preocupou tanto como à maior parte das pessoas, foi porque, em 1929, os estados ficaram quietos. Desta vez, agiram.

Mas agiram num sentido mais esquerdizante...
Fizeram o que tiveram de fazer.

O que nos remete para o regresso ao papel do Estado social...
Pois, mas isso é um regresso de um instrumento da social democracia, não da social-democracia.

Mas o senhor professor não indica, neste livro, uma alternativa válida a esse sistema de Estado social a que as pessoas se habituaram a viver.
Não há ainda alternativa. Estamos a caminhar para qualquer coisa que ainda não é bem definida, tal como a internacionalização da Economia não é ainda clara. Estamos numa nublosa e ninguém sabe qual é a ideologia que vem a seguir. O que eu digo é que terá de ser conforme as novas circunstâncias.

À luz destas reflexões, o que pensa das políticas de Barack Obama?
Eu sou suspeito porque tenho por ele grande admiração.

Ele está a gastar mais com políticas sociais.
Mas eu estou de acordo com ele. Nomeadamente no que diz respeito á reforma na Saúde.

Mas então está a entrar em contradição com as suas próprias convicções...
Não. Nós temos é de ter um Estado social de dimensão conforme com a Economia. E os EUA têm ainda muito poucos encargos sociais e uma carga fiscal muito baixa. Em Portugal, temos de talhar o fato a partir daquilo que a Economia render. Mas temos de ter um Serviço Nacional de Saúde e Educação pública de qualidade.

Diz, no, livro, que entrámos no período de maior decadência depois do 25 de Abril. Mais do que no PREC ou os tempos de quase banca rota do início da década de 80?!
São contextos diferentes. Agora estamos em velocidade de cruzeiro, e não sob perturbações políticas decorrentes da revolução. E é com ese critério que eu defendo essa tese.

O que achou desta polémica sobre a TVI?
Senti-me a viver no Estado Novo. Não me lembro de nada tão estranho, em democracia. Primeiro tentam comprar a estação. Depois desistem. Depois correm com um tipo. Depois alguém telefona de Espanha... Bem, eu, como desconfiei sempre do Estado Novo, também desconfio disto.

O senhor professor vai votar?
Não sei, é uma angústia que tenho. Ainda não decidi nada. Mas estou com muito medo dos próximos quatro anos.

Etiquetas: , ,

 

setembro 01, 2009

 

O Grande Caso BPN: Portugal

Este homem devia ser a Universidade de Verão de muita gente neste país de consciências adormecidas e apodrecidas.

Etiquetas: , , , ,

 

julho 26, 2009

 

Em nome de um polvo maior

A Máfia calabresa sofreu recentemente um golpe no valor estimado de 200 milhões de dólares (ou euros?) em bens confiscados pelas autoridades italianas. Os bens iam desde automóveis a imóveis. O costume.  Mas mostra bem que há outra Máfia que está a passar por dificuldades naquele país: o Governo italiano. Ganha quem tiver mais recursos!

O triste fado disto tudo é que entalado entre dois Polvos, está um POVO.

Etiquetas: , , , ,

 

julho 11, 2009

 

Corrupção do intelecto

Saramago declara apoio a António Costa

Lido na TSF

O prémio Nobel da Literatura José Saramago declarou, esta sexta-feira, apoio à recandidatura do presidente da Câmara de Lisboa, António Costa (PS), nas eleições autárquicas de 11 de Outubro.

«Espero que seja presidente por muitos anos mais. Espero que isso aconteça. Oxalá! Mas é preciso fazer com que isso aconteça. As coisas não acontecem por si mesmas. É preciso fazê-las acontecer», afirmou José Saramago.
«Espero que isso venha a suceder, a tempo de ganhar as eleições e a tempo de continuar o magnífico trabalho que tem vindo ser desenvolvido pelo Município de Lisboa», acrescentou.»

 

Para os que ficaram mudos com esta aproximação súbita do Nobel inquebrável aos piratas da politica portuguesa, aqui vai o resto da notícia:

O escritor e militante comunista falava na Câmara de Lisboa durante a assinatura de um protocolo para a produção de um filme sobre a relação entre José Saramago e Pilar del Rio, com o título provisório de «União Ibérica».

Este comunista empedernido de repente viu-se familiarizado no neo-liberal PS? E ainda por cima no Alberto Costa??? Como é que uma Câmara como a de Lisboa endividada até ás pontas dos cabelos, ainda tem dinheiro para estes delírios?? Mostra bem como e por quem é gerido e aplicado o dinheiro público em Portugal: de forma criminosa e por criminosos.

Querem saber a sinopse adivinhada do tal 'filminho'? Cá vai:

Escritor português, Nobel, conhece espanhola feminista  que decobre nele o fascínio comodista e ao mesmo tempo inovador da escrita sem pontuação.

Orçamento do filminho? Ora não sei, deixa cá ver ..... uns 500.000 euros. Chega?

Ironicamente, Saramago sempre proferiu (a quem o quisesse aturar) que Portugal maltratava os seus notáveis. Era um país tacanho, e tudo o mais que nisso se podia enquadrar, o mestre escritor não se eximia a debitar recadinhos em forma de profecia, tecidos a partir do buraco escavado em território espanhol, onde se enterrou.  Assim se explica que quando Cavaco era Primeiro Ministro tudo o que bastava para que o tresmalhado anarquista parasse a corrosiva caneta e voltasse á pátria era que fizessem um filminho sobre ele, e o respectivo umbigo. Então era isso!

Emerge agora este Saramago, velho, provavelmente menos lúcido (eufemismo de senil) voltando do seu exílio, o seu 'amuo', em investidas calculadas. E vem directo para o conúbio com a súcia de bandidos que andam a pilhar este país desde o 25 de Abril. Estes neo-comunistas mostram bem a sua pele, o seu carácter, e a sua motivação: sede do protagonismo.

Corrupção intelectual,  Corrupção moral, Corrupção económica.

Prostituição.

Etiquetas: , , ,

 

maio 04, 2009

 

La bella e il Mostro

O primeiríssimo Berlusconi anda a fazer das suas e a legitima esposa "meteu os papéis". O pobre geriátrico homem andou a cirandar na  infindável, tentadora fonte da Juventude.

Aparentemente a coisa com a respectiva e legítima senhora estalou por causa desta 'puro sangue' italiana, nos seus tenros, encantadores, deliciosos, irrepreensíveis 18 anos.

MAS olhando para estas singelas, inocentes  e ao mesmo tempo 'jezebélicas' imagens ..... QUEM pode censurá-lo? :)

Se a Natureza nos quisesse fiéis, nasceríamos cegos. Seria um bom começo a caminho da fidelidade, não acha Sr. Berlusconi?

Etiquetas: , ,

 

fevereiro 12, 2009

 

Quebra-silêncio

O esquecimento e o abafamento dos factos são dois dos instrumentos que herdámos da ditadura que não soubemos purgar devidamente, e à sombras dos quais vive muito boa alma.

Tivemos uma revolução demasiado romântica, à sombra da qual muitos personagens saíram com uma reputação novinha em folha. Outros tiveram a decência de fugir.

Num país a sério com uma revolução decente, esses personagens eram abatidos na rua e o seu sangue seria para lavar pedras da calçada.

Hoje, Portugal é um país de calados onde se mantêm os personagens colaboracionistas e sua proles. E as práticas perduram.

Vivemos num país que em tempos de alardeada 'crise' (como podemos chamar então os sombrios tempos em que sobreviveram os nossos pais e avós?) temos uma manada inútil de deputados que os assuntos mais importantes que encontram para debater são o casamento dos homossexuais, e a promoção destes a vítimas na nova lei penal de proteção á vítima (nem estou interessado em saber se é esta a designação). E a grande maioria dos portugueses que são as vítimas silenciosas destas elites legisladoras e suas asneiras constates e verborreicas?  Essa maioria anestesiada vê passar nas suas barbas uma montanha de dinheiro entregue da bandeja á suja banca portuguesa. 20 biliões de €!

E a eutanásia vem aí. O debate sobre a dita, entenda-se, porque o que devia realmente ser aprovada era a eutanásia destes senhores (e senhoras) 'doutores' em praça pública.

A crise não existe. A sua origem é filosófica. É uma condição de transformação seja do que fôr neste planeta: vivo ou inanimado.

Etiquetas: ,

 

dezembro 13, 2008

 

Federal war on Gold

http://www.fff.org/freedom/fd0608a.asp

There are few things that federal big spenders hate more than gold. Why? Because they know that, historically, gold has provided the best means by which people could protect themselves against the ravages of a rapidly depreciating currency.

The mainstream press often uses the term “inflation” to describe rising prices. That’s incorrect. Actually, when the general price level is rising, that’s a result of inflation, not inflation itself. Inflation is the process by which governments print up the money to pay for ever-increasing expenditures.

Why not instead simply increase taxes on people in order to get the money to pay for the soaring expenses? There’s an obvious reason: Taxes make people angry at government officials. It’s much easier and safer to simply print the money because then most people have absolutely no idea that the government is behind what is happening.

When prices of commodities, goods, and services start rising in response to the depreciating quality of the money, the average person is likely to blame those in the private sector, such as oil companies, speculators, and businessmen, for the woes.

Being unaware of economic principles, people will even demand that federal officials impose price controls and excess- profits taxes on the evil offenders, a demand that the authorities are often willing to oblige.

That’s why inflation has always been the best friend of big spenders in government. Although clearly a fraudulent way to finance government operations, history has proven that the possibility that such fraud will be figured out by an ignorant and trusting citizenry is minute

http://www.fff.org/freedom/fd0608a.asp

Tim tim , por tim tim.

 

The paper money of today still contains a hint of what it once represented — a promise to pay money, rather than money itself. Take a dollar bill out of your billfold. Notice that at the top it states, “Federal Reserve Note.” Why is it called a “note”? Because it represents, somewhat perversely, what such a note once constituted for our American ancestors — a promise to pay something, namely gold. Today, such notes are what is termed “irredeemable” — that is, they cannot be redeemed in gold or silver coin. They are promises to pay nothing.

 

Zero Value

Etiquetas: , ,

 

novembro 21, 2008

 

Os bancos e os pobres

Pior do que a falência do sistema bancário, só mesmo a falência do Estado. E esta, ao contrário do que li num artigo de opinião recente, acontece e tem mesmo acontecido com demasiada frequência.

Não passou por isso pela cabeça de ninguém de juízo a ideia de deixar que o mercado resolvesse livremente os problemas gerados pela actual crise financeira. A decisão informal europeia de montar um sistema de apoio à banca para evitar a sua bancarrota generalizada – como a que se deu na Islândia – parece-me por isso do mais elementar bom-senso.

Posto isto, ninguém decidiu na União Europeia – nem ninguém tinha competência para o fazer – as modalidades dessa intervenção, sendo, portanto, os parlamentos nacionais as instituições responsáveis pela sua aprovação.

Em Portugal, o Parlamento aprovou numa manhã, e o Presidente da República – como fez questão de salientar – não precisou de mais de meia hora para promulgar, uma lei que autoriza a intervenção do Estado até 20.000 milhões de Euros, sem questionar nada do que é essencial saber sobre a sua forma de aplicação, para não falar das razões que tornaram essa verba necessária ou das medidas a tomar para que situações semelhantes não se verifiquem no futuro.

No mínimo, era essencial estipular formalmente o princípio da garantia dos depósitos – independentemente do que a Comissão Europeia resolvesse dizer sobre isso – e as contrapartidas exigidas para as garantias públicas, nomeadamente o seu valor perante outras responsabilidades da banca. Era necessário nomear uma comissão de inquérito, ou mandatar as representações nacionais para exigir esse inquérito nos planos europeu e internacional, com o objectivo de averiguar as razões da catástrofe e de pensar as reformas a empreender para que elas sejam evitadas no futuro.

Saber se o contribuinte irá finalmente pagar 20.000 milhões de Euros ou se a conta ficará por muito menos é, neste momento, um exercício puramente especulativo. Numa economia de mercado, a única forma de responder a questões destas é a de perguntar ao mercado quanto dinheiro estaria alguém disponível – com a mesma credibilidade do Estado – a dar para fornecer igual garantia. Caso aparecesse alguém, duvido que a soma pedida fosse muito inferior aos 20.000 milhões de Euros.

Passemos agora ao rendimento de famílias pobres, cujas razões para serem pobres são diversas, mas tenderão agora a ser cada vez mais a de terem sido demasiado optimistas no rendimento esperado perante o juro exigido.

Dizer que o funcionamento da sociedade é independente da sua sorte e que a ajuda deve ser um acto de puro altruísmo é ignorar toda a história da humanidade. Considerar essa verba apenas como despesa e não como investimento é não entender que a riqueza de uma sociedade depende da riqueza dos seus membros, e que alguém com instrução e condições de vida tenderá a ser mais produtivo e a trazer menos problemas à sociedade do que alguém na miséria.

Que é necessário impor condições, controlar e supervisionar o dinheiro que assim se gasta? Que há muito dinheiro que tem sido mal gasto nesta matéria? Que é essencial valorizar o trabalho e nunca permitir que o fruto deste mal se distinga da ajuda pública? Com certeza!

A única questão a ter em conta é não pôr em causa a dignidade que é essencial para todos, não perder de vista a humanidade e, acima de tudo, manter o sentido da proporcionalidade e do bom-senso.

Exigir para cada cêntimo cedido a um pobre o controlo que não se exige a cada bilião que se promete à banca, não revela nenhuma das qualidades essenciais ao exercício de cargos públicos e parece-me mesmo revelar um inaceitável desprezo por quem tem a má sorte de necessitar apenas de cêntimos em vez de biliões.

in Câmara de Comuns

Etiquetas: ,

 

outubro 28, 2008

 

Graduation Ceremony

DESTROY,

CRUSH THEM,

OUR ENEMIES,

ENEMIES OF THE FREE WORLD,

TERROR TERROR TERROR TERROR TERROR,

TERRORISM TERRORISM TERRORISM TERRORISM,

TERRORISTS,

AL-QUEDA,

FORCE FORCE FORCE FORCE FORCE FORCE,

AXIS OF EVIL,

FORCES OF EVIL

Agora multipliquem estas palavras por cada dia de 8 anos... Era só para se despedirem da 'era' Bush.   (Kind of a 'make-me-proud-son' graduation.)

R.I.P. (Bush and the obscure vultures orbiting around his administration).

Etiquetas: , ,

 

outubro 22, 2008

 

Inquérito CML, 'rigoroso'. Para que ninguém fique de fora. Mas se a CML fossa a única neste país.

Etiquetas: ,

 

outubro 06, 2008

 

é carapau fresquinhee !

Sara Palin a candidata á vice-presidência americana, pelo Partido Republicano. Até aqui já sabemos. O que não sabíamos é que o partido tinha escolhido para candidata uma peixeira de gema. Desbocada, inconsequente, imprevisível, trapalhona  sempre vai dizendo o aquilo que o candidato á presidência não diz. Isto é bom para uma campanha? Mais depressa, um sintoma.

Para o próximo ano a dita sra. já tem um lugar: Numa das máquinas de campanha das eleições portuguesas...

Wellcome to Portugal, Mrs. Palin!

Etiquetas: , ,

 

agosto 04, 2008

 

Prostituição intelectual!

 

Na busca de palavras que descrevam o que se vive actualmente na Madeira, creio ter encontrado descrição concisa:

Nunca tantos se venderam por tão pouco.
«Venda a retalho das minudências da alma» ou «arrastar a sua dignidade pela árdua subida da escala social», como lhe chama Rosa Montero. E finaliza: «todos nos damos conta de quando nos vendemos».
Rosa Montero, no romance "A Louca da Casa", escreve que «ir contra a corrente geral é uma coisa bastante incómoda. É possível que a maior parte das misérias morais e intelectuais se cometam por isso, para não contradizer as ideias dos nossos patronos, vizinhos, amigos. Um pensamento independente é um lugar solitário e ventoso.»
Diz ainda que «estar de bem ou de mal com o poder nos pode facilitar ou dificultar a vida.» E acrescenta: «pode-se vender a alma ao poder por tantas coisas! E, o que é pior, por um preço tão baixo.»
Citamos outra passagem: «Não pensar. Entorpecer por dentro. É isso que procuravam os maoistas: asfixiar até essa pequena liberdade, o pulsar mínimo de um pensamento próprio sepultado no interior da cabeça.»
Quanto ao madeirense, enfim, nem pestaneja. Vende-se em troca de migalhas e insignificâncias. Pior, gosta de vender-se e até se gaba disso, como se estivesse a cumprir a ordem natural das coisas, como se de uma cadeia alimentar se tratasse.
Quem não se vende é tonto. Há que aproveitar as oportunidades para se vender, porque não abundam. São essas as oportunidades que se dá à malta que não tem acesso ao gamelão.
A hipocrisia faz parte do jogo. Daí o silêncio oportunista e o estar de bem com Deus e com o diabo serem a postura natural e a condição do madeirense. Conhecemos a expressão "barriguinha cheia, coração contente", como se só de pão vivesse o homem. Não ultrapassamos esse estádio do desenvolvimento humano.
A realidade é que, «para sobreviver numa ilha, além do mais bem pequena, é preciso dar muita volta à imaginação, ter alguns cuidados como regra e evitar as pedras da calçada que estão mais salientes. Talvez seja por isso que muitos andam tristes e cautelosos a olhar para o chão como nas procissões.» [Ferreira Neto, Tribuna da Madeira, 10.03.2006]
Tristes e a olhar para o chão, quebrados e entorpecidos por dentro, sem pensamento próprio, de coluna vertebral partida, condenados a carregar a canga, a andar curvados e a dançar o Baile Pesado vida fora. Uma triste forma de vida.

Pensa Madeira, (Pensa).

Etiquetas: ,

 

julho 28, 2008

 

Um minuto de silêncio

Segunda-feira, 28 de Julho de 2008 10:46

Daniel Oliveira

Há um acordo no regime. Os piores ministros, depois de saírem do cargo, podem transitar para uma empresa pública ou privada ou para um organismo nacional ou internacional. Em troca, o país só lhes pede que se calem durante uns tempos. Infelizmente ninguém deu o que fazer a Isabel Pires de Lima e não há dia que a senhora não dê um ar da sua graça, atacando o que defendeu e propondo o que não fez. Agora quer um pólo da Cinemateca no Porto porque por lá se vêem poucos filmes antigos. Imagino que até Pires de Lima saiba que uma cinemateca não é uma sala de cinema. Mas o bairrismo, se vier com a devida vitimização perante a arrogância dos doutores de Lisboa, tem bilheteira garantida. É mesmo um clássico em exibição contínua.

Estou à vontade: reconhecendo o trabalho de Bénard da Costa, defendi, quando esse foi um debate, a saudável renovação dos cargos públicos, a que a cultura não deve estar imune. Não farei seguramente parte da “corte de Bénard”. Mas tal não me chega para tolerar o triplo descaramento: que a mais incompetente titular da pasta da Cultura (que retirou a Santana um estatuto que parecia seguro) continue a massacrar o país com o seu ressentimento, em vez de prestar contas pelos crimes que cometeu no São Carlos ou no Teatro Nacional; que insista em insultar a nossa inteligência, falando do que não sabe ou fingindo que não sabe do que fala; e que transforme o debate sobre a política cultural em picardias regionais mais dignas do mundo da bola.

Por isso, doutora Isabel Pires de Lima, faça-se a si própria e a todos nós um enorme favor: fique na clandestinidade durante uns anos e dê-nos algum tempo para nos esquecermos da catástrofe do seu consulado. Se o fizer, e tendo este país memória curta, quase lhe posso garantir que voltará a ser ministra. Talvez da Agricultura.

Etiquetas:

 

 

A bênção

A biografia autorizada de José Sócrates foi finalmente lançada. O país esperava por este panegírico. Nada mais empolgante do que revisitar a vida de um homem sem passado e conhecer as reflexões de um líder a quem nunca ninguém conheceu uma ideia política. Para atestar das qualidades do biografado foram buscar os melhores padrinhos: Dias Loureiro e António Vitorino. E eles encontraram-lhe extraordinárias qualidades. Loureiro entusiasmou-se: “o optimismo de Sócrates faz muito bem a Portugal”. Não se sente o caro leitor contagiado pela onda de esperança que o nosso primeiro espalhou do Minho ao Algarve? Temos Obama.

A escolha de Loureiro e Vitorino foi uma excelente metáfora. Os dois representam o centrão mais profundo: o dos políticos que depois de se retirarem saltitam por empresas; o dos consultores e administradores que se movem nos corredores do poder como se estivessem em casa; o dos comentadores que estão na política sem nunca lá estarem. São os homens que nunca estão em lado nenhum mas andam sempre por aí, num limbo em que não se sabe onde acabam os negócios e começa a política. Aí estão para abençoar o seu menino

oarrastao

Etiquetas: ,

 

junho 18, 2008

 

Divago

Estou além.

O corpo é que paga.

O poder de síntese deste homem.Padrões sociais, politicos, sexuais. A capacidade de estender a música até aqueles que não apreciando o género, entendem-no como uma língua implícita.

Um país (o da altura) como sempre tomado de assalto, impreparado,  e de resposta assassina em punho. As resistências internas, endémicas da pequenês.

Divago. E vós aturais-me neste 'be-logue'.  (Não está no Acordo mas um dia estará concerteza!)

Tragam o Acordo, antes que o povo acorde!

Etiquetas: , , , , , ,

 

junho 05, 2008

 

Miguel Urbano Rodrigues no programa dia D da SIC Noticias. Andou nas selvas da Colômbia com as FARC. Uns tipos escondidos no meio da floresta que usam o rapto para financiar a sua actividade que mais parece ter a ver com o tráfico de droga do que com o 'R' de revolucionário na sigla FARC. No meio de tanta descrição idílica da vida destes 'rebeldes' na floresta, só faltou este histórico do PCP dizer que eram uma organização humanitária. Mas nós sabemos que não...

Etiquetas: ,

 

abril 07, 2008

 

a Idade para tudo

Ontem pus-me a ver a reportagem da SIC. Sobre as armas ilegais em Portugal e os seus efeitos. 

Video aqui (A lei das armas).

Lá mostraram uma série de situações desde as profissões de risco que obrigam ao porte de armas, mesmo que ilegais, até ás situações de exclusão social em zonas 'problemáticas' de Lisboa, em que são mais habituais as cenas de violência policial e de tiroteios. Entre essas zonas, um pequeno bairro de lata, no Prior Velho em Loures.

A reportagem cruza-se com duas crianças, dois rapazes na rua. Começa a conversa, sobre a violência e sobre os tiroteios.

- E armas? Há armas cá no bairro?

- Há! Já vi, já vi... Ano novo. Ano novo eu vi.

- Que foi que aconteceu no Ano Novo?

- Começaram a disparar. Um irmão levou aqui um tiro, no peito.

- Duma bala perdida?

- Sim.

[........]

- Vocês sentem medo?

- Sim. Muito.

- Medo de quê?

- De morrer.

[Ao que timidamente um deles responde]

- De morrer, sem chegar até... ao ... adultério.

 

É claro que eu ao ouvir isto dei um pulo de um só riso.

 

Idade do adultério! Todos queremos lá chegar, um dia!

É sinal que estamos bem vivos!

 

Continuaram, num tom de esperança, que é quase um desalento:

 

- Eu gostaria que isso.... eu dava tudo, tudo , até minha casa, para esse bairro ficar limpo. Calmo.

Etiquetas: , , ,