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I love mankind; it's people I can't stand.
Charles M. Schulz

 

novembro 27, 2007

 

Fantasma de S. Bento

1 O regresso de Pedro Santana Lopes às luzes da ribalta política teve qualquer coisa de profundamente deprimente. Estava a olhar para algumas das figuras da bancada atrás dele, a pensar na intensa promoção mediática feita à volta do seu anunciado "duelo" com José Sócrates e a meditar em como muitos portugueses resistem a aceitar a ideia de que há um tempo para as brincadeiras e um tempo para tratar do país a sério.

Santana Lopes teve demasiado tempo para tratar das suas brincadeiras e o país pagou por isso mais do que devia. Enquanto ele se limitou a animar debates televisivos e congressos do PSD ou a participar nos programas inventados pelo Albarran em que fingia ser primeiro-ministro, ainda vá que não vá. O problema foi quando se confundiu brincadeira com coisas sérias e quando lhe deram responsabilidades que envolviam trabalho, estudo, dedicação total - primeiro a gerir Lisboa, depois na inacreditável unção como primeiro-ministro, que hoje ainda me custa a acreditar que possa ter acontecido.

Há tempos li que o PSD estava com um problema entre mãos: que lugar dar a Santana Lopes. Discutia-se se o de líder parlamentar, deputado europeu ou re-candidato à Câmara de Lisboa. Escolheram o de líder parlamentar (ele que havia dito que para a Assembleia não regressaria, porque não tinha vocação parlamentar). Confirmei assim que a questão não está, nunca esteve, em saber como pode Santana servir o partido e o país, mas como podem o partido e o país servir Santana. E, visto que ele só sabe fazer política, ou o que imagina como tal, temos todos, que lhe pagamos o ordenado, um problema eterno entre mãos: como o manter ocupado à medida das suas ambições de protagonismo, sem que isso se vire contra nós.

A estreia do ressuscitado Santana Lopes como líder parlamentar do PSD, e logo no debate sobre o Orçamento, foi, como seria de esperar, para lamentar. O homem continua a sustentar que chefiou um grande governo, que fez coisas maravilhosas e que a sua demissão foi uma "novela". Dois anos e meio depois, ainda não interiorizou que chegou a S. Bento sem ir a votos e através de uma manobra maquiavélica desse florentino Durão Barroso, e que, na primeira oportunidade que lhes deram, os portugueses varreram-no do poder, sem dó nem piedade. Há gente assim, capaz de atravessar a vida com um sentimento de absoluta impunidade, como se não houvesse um tempo para brincar e um tempo para levar as coisas a sério e como se a sua diletante irresponsabilidade não causasse danos a terceiros. Ao escolhê-lo para chefiar um debate onde se impunha discutir as alternativas à política económica do Governo, o PSD mostrou que não aprendeu nada com as lições dos últimos anos. Que acredita que as pessoas podem continuar a ser eternamente aldrabadas com jogos circenses de demagogos profissionais, que reduzem a política ao que de pior ela tem. José Sócrates agradece, o país não.

2 Pacheco Pereira tem toda a razão: o pacto de dez anos proposto por Luís Filipe Menezes a José Sócrates, quanto às grandes obras públicas, é uma proposta indecorosa. Traduzida por miúdos, quer dizer o seguinte: "Independentemente de saber quem vai ganhar as eleições nos próximos dez anos, vamos pôr-nos de acordo em satisfazer os nossos comuns clientes e financiadores, para que eles tenham a segurança de saber que, seja quem for, os seus negócios estão seguros com qualquer um de nós". Justamente o que seria de esperar de um partido que quer liderar a oposição e ser a principal alternativa de governo era que tivesse uma atitude diferente perante esse regabofe dos grandes negócios com o Estado. Se assim não for, as eleições servirão apenas para mudar o titular da conta no livro de cheques.

3 Os sindicatos da Função Pública caminham alegremente para mais uma "greve nacional" - coisa a que eles ligam imensa importância e o grosso dos portugueses nenhuma. Os tempos mudaram e vão mudar ainda mais, mas há quem se obstine em não o entender. O Estado português cativa e gasta metade da riqueza produzida no país pelos que investem e trabalham. Nestes últimos três anos, a luta pela diminuição do défice tem sido assegurada unicamente com o esforço destes: o Estado continua a gastar o mesmo, enquanto exige cada vez mais ao sector produtivo do país. E o grosso da despesa do Estado tem que ver com o pagamento dos salários e reformas aos seus servidores. É claro e legítimo que os funcionários públicos gostassem de receber aumentos acima da taxa de inflação. Há uma maneira de o tentarem: largar o Estado e lançarem-se por conta própria ou no mercado de trabalho do sector privado (onde, todavia, há muita gente que há anos que não é aumentada acima da inflação). Mas, cá fora, não existe a mesma segurança laboral, a mesma facilidade de 'baixas', as mesmas progressões automáticas por antiguidade, as mesmas condições de aposentação. Correm-se muito mais riscos, e, por isso, umas vezes sai-se a ganhar, outras não. Como em tudo na vida, é preciso escolher: não se pode ter a segurança do Estado e a recompensa equivalente a uma carreira bem sucedida no sector privado.

Pior ainda, o travão das despesas rígidas do Estado leva-o, em desespero orçamental, à tentação de privatizar tudo o que é essencial para justificar a própria existência de um sector público na economia. E com resultados que, uma vez mais, são pagos pelos contribuintes. Privatizou-se a electricidade e saiu-nos mais caro; privatizaram-se as telecomunicações e pagamos mais; privatizaram-se as estradas e pagamos mais; privatizou-se a saúde e não vimos resultados. Agora, querem privatizar a água e já se adivinha o resultado. Qualquer dia, acordamos e deparamos com um Estado que já não presta serviços públicos, mas que continua a cobrar os mesmos impostos, a fazer a mesma despesa e a dispor da mesma legião de funcionários.

4 Quinze pessoas morreram porque um ligeiro abalroou um autocarro numa zona da A-23 sem qualquer perigo e em condições de circulação ideais. Fez-se um teste de álcool e de droga à condutora, que acusou negativo; procuraram-se indícios de excesso de velocidade, mas sem resultado. Mesmo assim, escreveram-se os inflamados artigos do costume sobre a mortandade rodoviária e o Governo tratou de anunciar maior repressão sobre o excesso de velocidade e o consumo de álcool ao volante. À preguiça comodamente instalada não ocorreu considerar a hipótese de que o acidente se possa ter ficado a dever à mais comum causa de morte nas estradas portuguesas: a inépcia ao volante. Sucede que, apesar dessa figura de estilo chamada exames de condução, nem toda a gente está habilitada a conduzir um carro. Recusando aceitar esta evidência, procura-se sempre uma causa externa que possa justificar os acidentes e, quando não há, remete-se invariavelmente para o excesso de velocidade. E como a má condução não constitui infracção, quando nem o excesso de velocidade se consegue provar, a culpa morre solteira e o condutor segue em frente. As estradas de Portugal estão cheias de condutores que causaram acidentes e mortes por simples inépcia e que continuam tranquilamente a conduzir.

Há anos que eu defendo isto: que o cadastro rodoviário tenha por base os acidentes causados e não as infracções cometidas. Para que não se tire a carta a quem estacionou na passadeira de peões ou foi flagrado numa auto-estrada deserta a 150 à hora, e se mantenha ao volante quem deixou para trás mortos e feridos, sem contudo ter cometido qualquer infracção. Mas para isso era necessário que, em vez da caça à multa, que dá dinheiro à polícia e ao Ministério das Finanças, o objectivo primeiro passasse a ser o de retirar das estradas os condutores perigosos.

 

 

Grosseria

O presidente da Universidade de Columbia, apostado em dar uma lição prática sobre os benefícios da liberdade de expressão, resolveu convidar o Presidente do Irão, Ahmadinejad, de visita à Assembleia-Geral da ONU, para discursar na sua Universidade. Porém, convite feito e aceite, sentado o convidado frente à plateia, o ilustre Lee Bollinger resolveu entrar para a história com esta frase de boas-vindas:

- "Vamos ser claros desde o princípio, senhor Presidente: o senhor tem todos os sinais de um ditador mesquinho e cruel, de uma espantosa ignorância".

Só um americano é que seria capaz de tamanha grosseria e falta de educação. As pessoas normais ou não convidam para casa aqueles que desprezam ou, se o fazem, não é para os insultar. Mas o sr. Bollinger transformou o pretexto da liberdade de expressão numa ocasião para o insulto fácil e de costas quentes. Certamente que não se atreveria a dizer a mesma coisa se estivesse no Irão e certamente que também não diria o mesmo a alguém ainda mais espantosamente ignorante, como é o Presidente dos Estados Unidos. A ignorância da gente de Bush tem sido, aliás, a maior fonte de perturbação global dos últimos anos. Resta esperar que o tempo passe depressa e que a lição tenha sido aprendida.

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novembro 26, 2007

 

Pertenço a um país...

Nestes tempos que atravessamos em Portugal, como país , como cidadãos, dou comigo a ter diálogos com a minha mãe ácerca da situação política, fiscal e económica do país, num tom de desespero, desalento pelo estado a que tudo isto chegou. Oiço e chego até a concordar, mas não tanto como dita a minha consciência. Porque cada vez mais me convenço que somos governados, dirigidos e mandados por pessoas da mesma têmpera que todos nós, e que apenas se acham em dada altura, com o poder para fazer todas as transformações - falo das piores e que nos estão a levar á ruína como país tanto internamente como externamente - que nos afectam a todos, na nossa mais profunda noção de justiça, cidadania, igualdade (onde ele seja possível, pois devemos perder este romantismo da democracia como sistema de igualdade).

Somos, em suma, feitos todos do mesmo 'material'. E encontrei este artigo de Eduardo Prado Coelho, precisamente sobre o meu sentir.

O artigo de Eduardo Prado Coelho, re-publicado por João Gil (entre outros):

Precisa-se de matéria-prima para construir um País

Pertenço a um país....

Acrescentria tanto mais, mas lembro-me de repente nas greves que se anunciam, gerais, sectoriais e que tais. Pertenço a um país em que as greves são convenientemente marcadas para dias que prolongam os fins de semana, para dessa forma inflaccionar os números da adesão, tantas vezes degladiados entre Governo e sindicatos, e essas jornadas de luta são aproveitadas pelos ditos trabalhadores para descansos 'merecidos' em vez de usarem esse tempo fazendo piquetes dias a fio, á porta dos seus locais de trabalho, como se fazia em tempos idos e não tão distantes como isso.

Somos todos responsáveis pelo país que criámos. No nosso agir em cada dia, no nosso sentir.

 

novembro 25, 2007

 

Cure for Pain?

Com Morphine, ás 'pázadas', chego lá, a bom porto.

I'm free now to direct a movie
Sing a song or write a book about yours truly
How I'm so interesting I'm so great I'm really just a fuck-up
And It's such a waste to burn down these wall around me
Flexing like a heartbeat we don't like to speak
Don't talk to me for about a week I'm sorry it just hurts to explain
There's something going on that makes my guts ache
I got guilt I got fear I got regret
I'm just a panic stricken waste I'm such a jerk
I was honest I swear the last thing I want to do
Honest I swear the last thing I want to do
Is ever cause you pain
Oh
I'm free now
Free to look out the window
Free to live my story

Free to sing along
Oh (x4)
I'm free now to direct a movie
Sing a song or write a book about yours truly
How I'm so interesting I'm so great but I'm really just a fuck-up
It's such a waste to burn down these wall around me
Flexing like a heartbeat we don't like to speak
Don't talk to me for about a week I'm sorry it just hurts to explain
There's something going on that makes my guts ache inside

I got guilt I got fear I got regret
I'm just a panic stricken waste I'm such a jerk
I was honest I swear the last thing I want to do
Honest I swear the last thing I want to do
Is ever cause you pain
Oh (x2)

 

novembro 12, 2007

 

(em) Luto.

 

Quem cuida, quer saber. Quem cuida, aparece.

Quem cuida, quer estar. Quem cuida, preocupa-se.

Quem cuida, partilha. Quem cuida, comunica.

Quem cuida, trabalha. Quem cuida, empenha-se.

Quem ama, cuida.

È esta a síntese de uma semana que  foi inquietante, confusa, sem saber explicar-vos que inquietação é.

Os sinais estavam visíveis. Bem demais. Há meses. Agarramo-nos ás poucas coisas da nossa vida que ainda 'funcionam', que nos parecem um novo começo, sobre escombros passados, maus começos. A vida é uma mudança á qual não me consigo habituar.  Tão pouco me habituo ás pessoas em mudança. Vivas, que estão.

And all i know is that i am missing YOU so MUCH. You meant so much to me, to my life.

(Radiohead)


"Bulletproof.. I Wish I Was"
Limb by limb and tooth by tooth
Tearing up inside of me
Every day every hour
I wish that I was bullet proof
Wax me
Mould me
Heat the pins and stab them in
You have turned me into this
Just wish that it was bullet proof
So pay the money and take a shot
Leadfill the hole in me
I could burst a million bubbles
All surrogate and bullet proof
And bullet proof
And bullet proof
And bullet proof

 

(Nick Cave)


There Is a Kingdom
Just like a bird that sings up the sun
In a dawn so very dark
Such is my faith for you
Such is my faith
And all the world's darkness can't swallow up
A single spark
Such is my love for you
Such is my love
There is a kingdom
There is a king
And he lives without
And he lives within
The starry heavens above me
The moral law within
So the world appears
So the world appears
This day so sweet
It will never come again
So the world appears
Through this mist of tears
There is a kingdom
There is a king
And he lives without
And he lives within

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novembro 11, 2007

 

 

Única, encantadora, discreta. Soraia Chaves. Ela chega e vai ficando, como quem não quer nada, e zás! Apanha-nos.

Só pode fazer bem ao Coração dos homens, apreciá-la, admirá-la, sonhá-la, viajá-la nos meandros das nossas idealizações.

Tenho-a aqui, sempre que queira, ao longo destes tempos de degredo no meu Tarrafal-zinho.

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(há 3 semanas ou mais...)

Mais uma caixa Multibanco arrastada de superfície comercial e roubada á descarada. Mas onde é que estes tipos têm formação profissional nestas 'artes'? É que nunca se viu nada assim neste sector da ladroagem profissional, cada vez mais em expansão em Portugal!

O cenário habitual: vidros partidos, portas forçadas. O que me fez soltar a gargalhadda foi o final da reportagem: o cenário da entrada : as portas destruídas e, logo por fora, o carro do Noddy, com os faróis ainda a piscar! Parecia um carro da polícia!

Deduz-se que tinha acabado de chegar ao local do crime.

Abram alas, que é o Noddy!

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novembro 07, 2007

 

The Devil wears woman....

But still... we keep falling.

.....falling like true christians on a coliseum!

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Quanto vale uma licenciatura em Portugal?

Cátia Mateus, jornalista, 14:26 | Quarta-feira, 11 de Jul de 2007

Sempre que chegamos a esta altura de candidaturas ao ensino superior a reflexão é quase obrigatória: quanto vale em Portugal uma licenciatura? 

O número de recém-licenciados no desemprego tem vindo a subir nos últimos anos. É uma má notícia, mas não é nada de novo. E nem sequer é novo que este desemprego ocorre sobretudo na área das humanidades. Recentemente vi numa estatística que 50% dos recém-licenciados que não consegue uma primeira colocação no mercado de trabalho é licenciada em Direito, Ciências Sociais e Educação. 50%!

Ainda assim, a oferta destes cursos nas universidades portuguesas mantém-se com elevado número de vagas e procura. Há mesmo quem, sabendo disto, se disponha a pagar uma licenciatura numa destas áreas numa universidade privada. É isso que espanta! Que uma geração com elevado grau de acesso à informação continue a decidir o seu futuro de forma autista e completamente à margem da realidade.

Que Portugal continue a formar, nestas áreas, desempregados é mau. Que os nossos jovens, sabendo disto, insistam em seguir um caminho que os condena ao desemprego, a salários mínimos, a instabilidade laboral ou alcançar um canudo que guardaram orgulhosamente na gaveta sem qualquer utilidade prática, é ainda mais chocante!

O país tem hoje, provavelmente, a geração mais qualificada que alguma vez teve (se considerarmos numa linha directa a percentagem de licenciados). Mas tem também a geração mais dependente, aquela que sai mais tardiamente de casa dos pais, aquela que encontra estabilidade laboral mais tarde (quando encontra), a mais desencantada com a profissão, com a carreira, a mais pessimista quando se fala de oportunidades, a mais avessa ao risco e ao espírito de conquista.

Mudar este panorama passa por uma reestruturação do ensino superior, mas passa sobretudo pelas camadas mais jovens. Aquelas que têm na mão o poder de escolha e de decisão sobre o seu futuro. Depende deles, mais do que de outros, a inversão desta realidade. A eles cabe perceber, de uma vez por todas, qual o real valor de uma licenciatura em Portugal e fazer uma escolha mais pela razão do que pelo coração.

 

novembro 04, 2007

 

definitely, definitely, definitely no logic

If you ever get close to a human
And human behaviour
Be ready to get confused
There's definitely, definitely, definitely no logic
To human behaviour
But yet so, yet so irresistible
And there's no map
They're terribly moody
And human behaviour
Then all of a sudden turn happy
But, oh, to get involved in the exchange
Of human emotions is ever so, ever so satisfying
Oh oh, and there's no map
Human behaviour, human
Human, human behaviour, human
Human, human behaviour, human
Human behaviour, human
And there's no map
And a compass
Wouldn't help at all
Human behaviour, human, human
Human behaviour, human,
Human behaviour, human,
Human behaviour
There's definitely, definitely, definitely no logic
Human, human
Human behaviour
Human.
There's definitely, definitely, definitely no logic
Human, human, human, human.

Bjork

 

 

Algo mais?

Hoje, no Aeroporto da Portela, mais um cenário típico dos efeitos da greve dos trabalhadores de handling.  O terminal dos vôos domésticos cheio de gente e de queixas. Como a senhora das ilhas (Açores, creio) que dizia:

Temos direito a alojamento, transporte pago, e algo mais, e não nos estão a dar nada disso!

Fiquei a questionar-me o que seria o "algo mais" que escapou no discurso da senhora. Mas a minha mente tortuosa correu os caminhos do costume.

Será que é mesmo essa regalia, esse "algo mais" que os trabalhadores do handling estarão a reivindicar?

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Love will tear Us

 

A propósito desta música lendária e que ainda hoje me faz viajar para muitoo longe, que para quem ainda não saiba é um original dos Joy Divison, tenho ouvido uma outra versão, num estilo mais nonsense mas muito relaxante, de Nouvelle Vague.

When routine bites hard
and ambitions are low
And resentment rides high
but emotion won't grow
And we're changing our ways,
taking different roads

Then love, love will tear us apart
again [x4]


Why is the bedroom so cold
turned away on your side?
Is my timing that flawed?
our respect run so dry..
Yet there's still this appeal
that we've kept through our lives

Love, love will tear us apart again [x4]


Do you cry out in your sleep
All my feelings exposed
Get a taste in my mouth
As desperation takes hold
Is it something so good...
Just can't function no more?
And love, love will tear us apart again [x7]

Perdidas da memória, a conta das vezes que os ouvi esta noite.

 

 

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novembro 03, 2007

 

Pantufa Negra

 

Uma delicia.

 

 

 

Menezes, a política, o povo: o desencanto

 

Miguel Sousa Tavares, 8:00 | Segunda-feira, 8 de Out de 2007

Nesta espécie de campanha eleitoral sofrida pelo PSD, houve uma senhora do povo, algures numa feira ou coisa assim, que se virou para Luís Filipe Menezes e lhe disse: "Espero que o senhor ganhe para que isto melhore, porque, como está, não vamos a lado nenhum!". Não sei dizer exactamente porquê, mas este simples comentário, lido num jornal, pareceu-me encerrar em si tudo o que o país e a política actuais podem conter de desilusão e descrença.

Como é óbvio, nenhum de nós acredita que, se amanhã já, Luís Filipe Menezes fosse primeiro-ministro, melhoraria o que quer que fosse. Nem sequer por ele ou principalmente por ele, mas porque não há muito mais para melhorar - e o que há, político ou partido algum teria coragem de fazer. Ninguém se atreveria a terminar com a promiscuidade entre o Estado e os grandes negócios privados, ninguém se atreveria a ter uma política de ordenamento territorial e ambiental que protegesse o interesse público derrotando os predadores imobiliários, ninguém se atreveria a pôr a Justiça ao serviço das pessoas e da economia contrariando os lóbis instalados, ninguém se atreveria a enfrentar a sério o caciquismo autárquico e o dr. Jardim, ninguém ousaria cortar o que fosse preciso nas despesas correntes do Estado - por exemplo, seguindo a sugestão de Daniel Bessa de fixar um limite à cobrança fiscal em função do PIB. O PCP seguramente que não mudaria nada que tivesse que ver com 'os legítimos interesses dos trabalhadores', e que é quase tudo; a direita do PP seguramente que não mexeria uma palha para afectar os inúmeros interesses representados pelo sr. Abel Pinheiro e afins; e o PS e o PSD, com mais ou menos 'social' e mais ou menos 'projectos PIN', obviamente que nunca chegariam ao fundo da reforma de um sistema que criaram e alimentaram.

Pelo que, como todos já compreendemos, o Governo de Sócrates é o mal menor, e em certas áreas, como a saúde, a educação e a segurança social, tem sido até o único Governo a reformar e a tentar mudar alguma coisa. É certo que governa em obediência a um princípio de equilíbrio entre contrários: concede à esquerda as questões de moral e costumes (o aborto, as seringas nas prisões, em breve o casamento de homossexuais) e concede à direita o sossego de leis para sossegarem a paranóia securitária; concede à esquerda a manutenção de um sistema laboral que protege os maus trabalhadores e fecha as portas do mercado aos jovens; e concede à direita a garantia de manter vivo e actuante o consagrado sistema do tráfico de influências políticas nos grandes negócios dos privados com o Estado. E é certo que, assim actuando, mantém imutável o essencial: a protecção dos 'direitos adquiridos', contra o mérito, contra a mudança e contra o risco, quer à direita quer à esquerda. Mas é o melhor que temos, o melhor que conseguimos, o mais a que pode aspirar o 'bom povo português'.

Se algum dia me desse a tentação para a política (coisa que, até agora, nunca sucedeu), eu acho que recuaria perante a obrigação de prestar vassalagem ao 'bom povo português'. O bom povo português é um mito de trazer por casa. Existem, é claro, muitos e bons portugueses, sem distinção de classes ou de categoria profissional, que são bons aqui como o seriam em qualquer lado do mundo. Existem ainda e felizmente, muitos empresários que investem, que correm riscos, que tentam competir num mercado global e que não vivem de pagar salários de miséria e fazer batota com a Segurança Social. Existem agricultores que não abandonaram as terras nem as venderam aos espanhóis e que investiram, modernizaram, investigaram, sem ficar sentados à espera do subsídio que nunca é suficiente. Assim como existem grandes médicos, arquitectos, cientistas, juízes, ou financeiros, tal como existem trabalhadores sérios, competentes, empenhados em fazer melhor, aprender e progredir profissionalmente. Mas duvido que grande parte do 'bom povo português' não seja antes constituído por batoteiros e preguiçosos, que se especializaram a viver em dívida para com a comunidade, seja fugindo ao fisco ou gastando apoios que não justificam, seja corrompendo autarcas ou traficando influências com os governos, seja, a outro nível, metendo baixas fraudulentas ou vivendo instalados no subsídio de desemprego, acumulando com 'biscates' por fora sem passar recibo. Acontece que os políticos, para chegarem onde chegou, por exemplo, o dr. Menezes, têm de passar a vida a ouvir lastimar uns e outros e a prometer o milagre de conseguir satisfazer uns e outros. Não se chega ao poder dizendo às pessoas: 'Não contem comigo para proteger a evasão fiscal ou o "off-shore" da Madeira, para fazer obras públicas sumptuárias ou inúteis só para dar dinheiro a ganhar à clientela do sector, para fazer negócios como o da Lusoponte, para assistir, impávido, ao endividamento constante das autarquias e das Regiões, ou para pagar subsídios de desemprego e baixas por falsas doenças. Não contem comigo para gastar o dinheiro dos que trabalham e investem por sua conta e risco para sustentar os que se habituaram a viver à sombra do Estado'.

Como é óbvio, Luís Filipe Menezes não disse nem dirá nada disto ao povo do PSD que vê nele apenas uma melhor hipótese de conseguir chegar à manjedoura pública do que aquela que lhe podia prometer Marques Mendes. Marques Mendes não foi apeado por ser mau político ou desonesto ou mau líder da oposição - ele foi apeado porque não cheirava a poder possível e Menezes cheira. Menezes ganha eleições e Marques Mendes não. Mendes foi o único (julgo que apenas acompanhado de Miguel Veiga) que, no Conselho Nacional do PSD, votou contra Santana Lopes - todos os outros se calaram, porque Santana garantia o poder, embora todos desconfiassem da inevitabilidade da catástrofe que se iria seguir.

Luís Filipe Menezes tem sido um excelente presidente da Câmara de Gaia, que recebeu em situação indescritível, após anos de governação socialista que representaram o que de pior o poder autárquico alguma vez mostrou. Ele transformou aquele pardieiro no melhor que alguém poderia imaginar possível. Esse mérito ninguém lho tira. O problema é que o fez à moda de Jardim: transformando Gaia no mais endividado concelho do país, em percentagem. Também passou a defender a Ota e a Regionalização, ou seja, tem a mentalidade de um "big spender" de dinheiros públicos: é tudo o que o país não precisa neste momento, mas é também tudo o que muitos esperam dele, se algum dia chegar lá acima.

Por outro lado, ele traz consigo alguma da pior gente que alguma vez habitou na nossa política, do género que faz querer gritar: 'Socorro, que eles vão voltar!'. Como também não disse ao que vinha e se limitou a contar votos e espingardas e a alimentar uma guerra suja que as directas consentem, apresenta-se ao país (Gaia à parte) com o pior cartão de visita possível.

Chega como lídimo representante do 'bom povo português' contra as elites. Não sei se sabem o que isto quer dizer: que todas as campainhas de alarme devem ser ligadas e que, por enquanto, José Sócrates agradece.

Miguel Sousa Tavares, 8:00 | Segunda-feira, 8 de Out de 2007

 

novembro 01, 2007

 

Please Leave Quietly

But people never do...

PJ Harvey.

A não perder , definitivamente, absolutamente, na RTP2.