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I love mankind; it's people I can't stand.
Charles M. Schulz

 

outubro 26, 2003

 

XXX-Files
Homem a Dias: "XXX-Files
A exemplo da carreira discográfica do sr. Represas, há diversos males que parecem durar indefinidamente. Uma das pragas recorrentes dos últimos anos é a da «conspiração» que terá assassinado Diana Spencer, ‘princesa do povo’, para alguns, mulher do povo, para inúmeros outros. Nos quiosques deste republicano país, a capa da insuspeita «Nova Gente» regressou ao fascinante tema, agora com a divulgação de uma carta em que a saudosa princesinha terá alertado (quem?) para uma marosca que ‘eles’ se preparavam para lhe fazer ao carro. Não li a revista, mas no caso, ‘eles’ são com certeza a família real e o MI5, que, do alto da sua intrínseca maldade, sabotaram o famoso Mercedes, mediante a inclusão ao volante de um bêbado, programado para conduzir nas vielas de Paris a 200 quilómetros por hora. A revelação não surpreende. O que surpreende sempre um bocadinho, e não é por falta de hábito, é a tendência dos média para servir lixo, e a capacidade dos simples para consumi-lo.

// posted by ag @ 4:32 PM
Noite branca "

 

outubro 20, 2003

 

Hot Subject
Contra a Constituição Europeia
Por ANTÓNIO BARRETO
Domingo, 19 de Outubro de 2003

Há poucos meses, aqui mesmo, discordei do projecto que consistia em elaborar e aprovar uma Constituição europeia, que considerei inútil; aderi ao princípio de convocar um referendo, dado que me parecia razoável que os portugueses, pelo menos uma vez na vida, se pronunciassem sobre a Europa; e terminei dizendo que, apesar da minha opinião contrária, acabaria por votar favoravelmente, pois receava que a consequência, caso a maioria votasse negativamente, fosse a expulsão da União. Era melhor, pensava eu, ficar com a Constituição e a Europa, do que sem uma nem outra. Depois disso, tendo acompanhado os debates realizados desde então e, sobretudo, tendo lido o projecto de Constituição entretanto publicado e actualmente em análise, mudei de opinião. Além de a considerar inútil, estimo agora que é também nefasta. Se houver referendo, votarei contra. Sem receio de expulsão. Se um Estado ou um povo, ou mesmo vários Estados ou vários povos, votarem contra esta absurda Constituição, o problema não será deles, ou não será só deles, dos que votarem contra, mas será de todos, isto é, da União Europeia. Esta não se pode fazer, como está agora a ser o caso, na base de pura chantagem e da mais descarada venalidade: compram-se, com fundos, os votos dos governos; fazem-se cedências no acessório, para obter concessões no essencial; e atemorizam-se os povos chamados a votar em referendo com a ameaça da expulsão. Aliás, como bem notou Jorge Miranda, o projecto de Constituição, redigido pelo senhor Giscard d'Estaing e seus amigos, começa com uma epígrafe reveladora da excepcional arrogância e da especial ignorância dos seus autores, ao definir a democracia, não como o poder do povo, mas como o poder da maioria!

Ainda não temos texto definitivo. A conferência intergovernamental deverá ocupar-se do assunto e chegar, ou não, a um acordo. É possível que os governos, reunidos nessa conferência, sintam um sopro de responsabilidade e uma réstia de energia que lhes permitam recusar este texto e esta iniciativa. Ou, pelo menos, alterá-lo profundamente e transformá-lo num simples tratado, retirando-lhe o epíteto e a dignidade de Constituição. Mas se, pelo contrário, o resultado for parecido com o actual projecto, votarei contra. E estou convencido de que o interesse dos portugueses é esse: recusar a Constituição. Não apenas por ser inútil, mas por bem mais razões. Institui brutalmente, sem bases políticas nem sociais, um federalismo deslocado do tempo, da história e dos espaços, numa espécie de exercício formal e jurídico de intelectuais e dirigentes políticos que há muito vivem fora das sociedades reais e se deleitam em construções teóricas. Sob a aparência de progresso da "construção europeia", é talvez o mais violento e mais perigoso atentado contra a Europa e contra a diversidade deste continente, dos seus Estados e das suas nações: se a União se desmembrar, um dia, mais cedo do que seria previsível, ao fazermos a respectiva história, situaremos em 2003 e 2004 o início desse desastre e o desencadeamento das forças centrífugas. Mau grado a hipocrisia das declarações piedosas sobre a subsidiariedade, esta Constituição é mais um passo, de gigante, desta vez, para a uniformização e o centralismo. Não compõe com as soberanias nacionais e com as liberdades dos povos: limita-as, retira-lhes margens de liberdade e submete-as a uma autoridade superior distante e inatingível. Promete a unificação política da Europa, realização que passa por ser um trunfo do saber e uma vitória do progresso, mas que não é mais do que uma ilusão burocrática que, um dia, vai necessitar de violência e repressão para se manter e evitar o regresso das mais vivas energias europeias, as da diversidade. Conduz à revogação parcial e à subjugação total das constituições nacionais, à subalternização dos parlamentos nacionais e estabelece, com rigidez, uma hierarquia política de Estados, consagrando, ao mesmo tempo, um Parlamento europeu destituído de reconhecimento político e de genuína legitimidade, mau grado a sua legalidade formal. O projecto é, finalmente, de excepcional e absurda complexidade, pois pretende resolver o que não tem solução: procura impor uma aparente igualdade, mas ao mesmo tempo estabelece uma hierarquia; tenta fazer o federalismo, o que supõe a igualdade entre Estados, em simultâneo com uma proporcionalidade de populações e uma escala de poderes.

A necessidade de uma Constituição para a Europa não está demonstrada e os seus argumentos não são convincentes. É mais importante viver com a diversidade e administrar, como se tem feito até hoje, as diferenças, do que, mais tarde, tratar do que passarão a ser divergências e dissidências dentro da união constitucional. O que hoje são diferenças serão amanhã divisões. O que hoje é pluralidade será amanhã dissidência. A grande Europa que conhecemos é a da diversidade, não a da união política. A diversidade europeia inclui conflitos de interesses não resolúveis pela imposição da vontade franco-alemã, cujas vicissitudes, aliás, já deram anos negros ao continente. Tentar destruir a diversidade é um gesto de arrogância histórica, como tantos falhados tentaram, de que se pagarão elevados custos. Até porque parece absurdo tentar destruir a diversidade: mesmo ferida, esta acabará por se impor. O problema é que, entretanto, se terão provocado conflitos inúteis e se terão liquidado hipóteses bem mais ricas e interessantes de consolidar e desenvolver uma Europa diversa e flexível.

A unidade europeia, desejada e consciente, é uma coisa bem diferente da união imposta e fabricada: a primeira é a expressão de vontades convergentes, a segunda resulta de um "diktat" político e financeiro, democrático seja ele. E que não nos venham dizer, como se espera, que recusar a Constituição significa recusar a Europa. Essa chantagem faz lembrar todos os raciocínios ditatoriais. Recusar a Constituição significa tão-só querer uma Europa melhor, diversa e possível.

 

 

O Tio



O titio está de volta.
Por onde terá andado? A gripe anda por aí, já se sabe. E ninguém é de ferro...

Seja bem vindo.

"Salame Aleicum"

 

outubro 19, 2003

 

Demolidora Vitamina
"

Carlos, do Contra a Corrente, publicou um post intitulado "CONDIÇÃO: HUMANA". Achei-o demolidor. No bom sentido, claro. Aliás, o termo "demolidor", a meu ver, é sempre no bom sentido. E principalmente se "demolidor" for em oposição à letargia do "politicamente correcto". Acho que não existe nada mais mísero do que esta maneira de fazer opinião, em que não se pode dizer nada sem antes colocar a mão na consciência.
Atenção: não sou apologista do comentário inconsciente e alheio à ponderação. Considero que devemos estar sempre bem lúcidos quando escrevemos.
Agora, o que é desprezível é a postura da pessoa que não se expressa como realmente se sente, só porque receia a opinião dos outros. A isso chama-se hipocrisia. É o que dá, mais de quatro décadas de salazarismo e, pior ainda, o estalinismo pós-Revolução que se instalou no país e que fez questão em espezinhar tudo o que não pertencia à Esquerda (lembrar Saramago no Diário de Notícias, por exemplo).
Quanto ao hate mail de que Carlos falou, não é caso para apoquentos. Pelo contrário. É lembrarmo-nos de alguns ilustres que usaram e abusaram do “politicamente incorrecto�, como Erasmo, Voltaire, Balzac, ou mesmo o nosso Eça.
Mesmo hoje, ainda temos poderosos opinativos, dos quais se pode salientar a tríade portuguesa do “politicamente incorrecto�: Vasco Pulido Valente/ João Pereira Coutinho/ Alberto Gonçalves. Todos usam uma prosa brutal, ácida, superior. Demolidora. E são estes que ficam para a História.
Ao contrário dos outros, que não suportam a imensa energia da “Arte da Rudeza� (de que o próprio Pereira Coutinho falou há uns tempos, no Independente), e que se sentem desconfortáveis quando se põe algo em causa.
Esses são esquecidos num dia.
"

 

 

Tédio do zapping. Typical Sunday
"Experimenta os novos XPTO!"

"Com o novo XPTO, os teus cabelos até falam!"

É este apelo ao novo, ao jovem que enjoa. Como é que a publicidade pode insistir em martelar no novo, no jovem quando tudo está na mesma? Quando o novo é apenas o velho com um rótulo diferente (cujo custo de desenvolvimento e produção em massa representa a percentagem de leão do produto na "parateleira").
Essa estratégia ainda funcina? Parece que sim.

 

outubro 17, 2003

 

"
QUEM SÃO OS MOUROS QUE QUEREMOS “MATAR�?
Não os propriamente ditos. “Mouros� são os atributos perniciosos que pairam no tempo presente e dominam os que lhes não quiseram resistir. O pensamento único, pleno de heteronomia nas suas origens. As condutas doutrinadas pelas tendências. A tradição que assenta exclusivamente na lei da inércia. A superstição mascarada de religião. Os falsos consensos. O corporativismo transformado em lógica existencial. O Estado como dogma insofismável. A “cunha� convertida em elemento insuperável do modo de ser português. O fado como elogio da desdita. O conformismo. A abúlica mansidão. O estar sempre com o que está. Dando o antigo grito português, prometemos “dar Santiago� a todos eles...
"


Vou já pô-lo ali, ao lado. ----------->

 

outubro 15, 2003

 

Campanhas saídas pela culatra
A mãe de todas as campanhas

O enigma está finalmente desfeito. Qual Portugal de antanho, qual isolacionismo mental do interior. O colectivo auto-intitulado «mães de Bragança» é, na verdade, uma sofisticada equipa de marketing que se entregou à tarefa de revelar Trás-os-montes como um dos mais interessantes destinos turísticos à escala mundial, como o revelou o último número da Time que pinta Bragança como uma florescente metrópole do deboche. Conscientes das dificuldades em impôr o azeite de Vila Flôr e a alheira de Mirandela como cartazes turísticos, estas verdadeiras «Mães da invenção» fizeram constar que a terra era um fartar vilanagem de orgias fazendo acorrer à região todos os maridos com vontade de serem roubados que, como se sabe, são em número não negligenciável. Ao que consta a capacidade hoteleira de Bragança, mas também de Vila Real e Chaves está já esgotada. Caros amigos, o exemplo vem do interior: «Think global, act local». A retoma começou, pelo menos para lá do Pocinho.

 

 

Mais Democracia.A martelo.
O eixo do bem chega a La Paz

Os Estados Unidos avisaram que não permitirão golpes anti-democráticos na Bolívia. Os tanques já estão nos bairros pobres de La Paz trazendo a boa nova. Os danos colaterais já se fizeram sentir com mais de 30 mortos. É o preço a pagar por mais um importante combate pela democracia.


Publicado por danieloliveira | 03:40 PM | Comentários (0) | TrackBack (0)

 

 

Portas.A martelo.
Cidadania a martelo

Um dos meus bons amigos, o João Marques de Almeida, foi há pouco tempo convidado para integrar o Conselho Económico e Social do PP. De acordo com declarações à imprensa, ele aceitou o convite por considerar que se trata de um espaço "interessante" para realizar algum esclarecimento doutrinário (o PSD, como se sabe, é um pouco avesso a essas discussões). Eu desejei-lhe boa sorte, mas sempre lhe fui dizendo que achava pouco provável que este PP pudesse algum dia transformar-se num partido de direita civilizado. A recente iniciativa do ministro Paulo Portas de aplicar multas aos mancebos que faltem às comemorações do "Dia da Defesa Nacional" (a somar às suas declarações histéricas sobre os imigrantes) confirma plenamente essa ideia. Graças à carta que seguiu para casa de alguns milhares de jovens, ficámos a saber que, de acordo com o ministro da Defesa, a cidadania não é um conceito a que os indivíduos possam aderir voluntariamente - é algo que lhes tem de ser martelado, à boa maneira da "velha direita", paternalista e autoritária. Será que algum dos elementos da "nova direita" lhe poderá fazer chegar às mãos uma cópia do sempre oportuno «Dois conceitos de liberdade" (Isaiah Berlim)?


Publicado por pedrooliveira | 12:27 AM | Comentários (3) | TrackBack (0)

 

 

Mais propinas

Partamos de alguns factos: este é dos países onde menos e pior se investe em educação; é um país com enormes desigualdades sociais; a nossa universidade está de pantanas; já assistimos a muita demagogia sobre a "paixão da educação"; o movimento estudantil e a comunicação social criaram uma situação em que a opinião pública acha que só se luta por não haver propinas; e uma ideologia de privatização, "consumidor-pagador" e demissão do Estado entram perigosamente no senso-comum.

Partamos de um princípio: a política deste governo para o "financiamento" do ensino superior público é péssima. Agrava a tendência de desinvestimento e aumenta exponencialmente as propinas. Para mais, fá-lo com o argumento da justiça social, o qual, na boca de quem o diz, é hipócrita: ricos e pobres vêem os seus custos com a educação aumentar, sem que haja investimento público, acção social, etc. E sabendo-se que as propinas, mesmo aumentadas nesta ordem de valores, pouco cobrem as despesas. Por tudo isto, também sou contra a lei de financiamento.

Significa isso que subscreva a ideia de um ensino superior totalmente gratuito e totalmente financiado pelo Estado? Não. E não, porque tenho dúvidas sobre se isso é justo ou não. Um exemplo simples (e assumidamente simplista) : que pensar quando um aluno "pobre" (e oriundo de um meio social com baixo capital cultural) e um aluno "rico" (e oriundo de um meio social com capital cultural mais elevado) se encontram ambos na universidade gratuita? No mínimo, o "pobre" precisa de (muito) apoio social, para cobrir os custos que existem quer haja ou não propinas.

Isto relaciona-se também com a questão do acesso. As restrições de numerus clausus, da forma como são feitas hoje, tendem a garantir o acesso à universidade aos cultural e economicamente privilegiados, os quais, depois, não vão ter que pagar nada.

As propinas poderão servir - mas, repito, não estas nem desta forma - para equilibrar estas injustiças e legitimar a tendencial gratuitidade e universalidade do ensino superior. Sobretudo numa sociedade onde o nível da licenciatura é cada vez mais visto como a continuação natural do ensino secundário, num país que precisa de mais educação e licenciados. Não será por acaso que os alunos das pós-graduações aceitam mais tranquilamente pagar elevadas propinas, pois sabem que estão já mais do lado de um maior benefício pessoal do que do lado do benefício social e público de ter uma sociedade com gente educada.

Não vejo condições para a gratuitidade absoluta a não ser que haja, a montante, uma real reforma fiscal, que garanta que (e também a montante) os "ricos" paguem de facto os impostos e paguem mais do que os "pobres". Então, poder-se-ia (dever-se-ia) subsidiar os "pobres" (pois os custos com a educação vão para lá da propina) e/ou fazer pagar os "ricos". Idealmente, as três condições deveriam verificar-se.

É por isto que não me des-solidarizo do movimento estudantil, ao contrário do que algum maniqueísmo esquerdista pode pensar... Tãopouco caio na armadilha de papar a demagogia do governo. Mas também é por isto que acredito que, politicamente, a esquerda tem que pensar melhor esta questão da gratuitidade, das propinas, do financiamento. Para lá da crença no estatismo, para lá de dogmas sobre a gratuitidade, há que pensar racionalmente em como sustentar o ensino superior garantindo justiça social.

O que me assusta nisto tudo e me faz ter dúvidas é que, de um lado, a ideologia de "mercado" triunfa no seio do próprio aparelho de Estado e, do outro, o Estatismo esquerdista impede o pensamento racional sobre as condições do mundo real em que vivemos.



posted by miguel | 4:05 PM

Continuação de um post lido em :
Os tempos que correm

 

 



When I'm lyin' in my bed at night
I don't wanna grow up
Nothin' ever seems to turn out right
I don't wanna grow up.
How do you move in a world of fog
That's always changing things
Makes me wish that I could be a dog
When I see the price that you pay
I don't wanna grown up
I don't ever wanna be that way
I don't wanna grow up.

Seems like folks turn into things
That they'd never want
The only thing to live for
Is today...
I'm gonna put a hole in my T.V. set
I don't wanna grow up
Open up the medicine chest
And I don't wanna grow up
I don't wanna have to shout it out
I don't want my hair to fall out
I don't wanna be filled with doubt
I don't wanna be a good boy scout
I don't wanna have to learn to count
I don't wanna have the biggest amount
I don't wanna grow up.

Well when I see my parents fight
I don't wanna grow up
They all go out and drinking all night
And I don't wanna grow up
I'd rather stay here in my room
Nothin' out there but sad and gloom
I don't wanna live in a big old tomb
On Grand Street

When I see the 5 o'clock news
I don't wanna grow up
Comb their hair and shine there shoes
I don't wanna grow up
Stay around in my old hometown
I don't wanna put no money down
I don't wanna get me a big old loan
Work them fingers to the bone
I don't wanna float a broom
Fall in love and get married then boom
How the hell did it get here so soon
I don't wanna grow up
(Tom Waits/K. Brennan)

# posted by Postini : 12:37 AM
10.10.03

 

outubro 14, 2003

 

FALÊNCIAS

Segundo o JN de hoje, encerram mais de seis empresas por dia em Portugal. De acordo com a mesma notícia, no primeiro semestre deste ano fecharam portas 1809, sendo que mais de metade localizadas em Lisboa e no Porto.
Instado a comentar esta crescente onda de falências, o Ministro do Trabalho e Segurança Social, Bagão Félix, dizia há alguns meses que esse facto não era preocupante, porque representava o normal funcionamento do mercado. E, por conseguinte, às empresas falidas, outras se sucederiam com capacidade para absorver os desempregados.
O Ministro Bagão não vive seguramente em Portugal. E desconhece o País que governa. É, Sr. Ministro, um País pobre, sem recursos, que só não está na bancarrota porque foi admitido em boa hora na União Europeia. É um País endividado, no qual habita uma sociedade com hábitos de gente rica, que não produz praticamente nada que valha uma referência nos mercados estrangeiros. Já assim é há muito tempo, eu diria, desde sempre, apesar de antigamente ninguém prestar muita atenção ao subdesenvolvimento e à pobreza, a não serem as suas próprias vítimas. Por conseguinte, num País sem capacidade produtiva, que se não soube preparar convenientemente para o mercado europeu, onde não existe verdadeiro mercado, senão um mercado de consumidores, às falências e ao desemprego não sucede nada, a não ser o desemprego e mais falências. Desenganem-se todos quantos pensem que a economia nacional vai melhorar. Estamos, ao fim de vinte anos, a pagar finalmente a factura da União Europeia, para a qual olhámos sempre como se fosse um maná do deserto.

# posted by rui @ 2:57 PM

Lido em: catalaxia

 

 

Hoje é só limpezas do Homem-a-Dias
A importância do Outro

Julgo que a reacção aos tais manuais do 10º ano tem sido excessiva. O regulamento do «Big Brother», por exemplo, pareceu-me um texto conciso, correcto e razoavelmente perceptível. O que é muito mais do que se pode dizer de boa parte da literatura portuguesa contemporânea. E quanto ao «Testenovela», também não vi motivos para a irrisão demonstrada. Qualquer palerma sabe quem é o autor de «Aparição» ou o número de cantos d’«Os Lusíadas». Mas eu próprio, que não me considero um ignorante terminal, ignoro se, na novela «Tentação», Marco António é atraiçoado por Gracinha, Renata ou Raquel. E tenho pena. Sugerir a irrelevância de conhecimentos assim é menosprezar o contributo da antropologia clássica: se, há oitenta anos, a sra. Mead mostrou o quanto podíamos aprender com os selvagens de Samoa, seria estúpido fingir, hoje, que os selvagens da Brandoa nada têm a ensinar-nos.
// posted by ag @ 11:28 AM

Lido em : homem-a-dias

 

 

O triunfo da vontade

Para minha sorte e descanso, acho que todos os meus amigos são fumadores - activos ou não. Talvez por isso, reconheço dificuldades relacionais com sujeitos que guardam uma distância de 300 metros ao cigarro mais próximo. São uma gente estranha, que acredita firmemente na íntima eternidade e que ocupa os tempos livres a escrever insultos ao Francisco José Viegas. Sempre que posso, evito-os. Sábado, não pude evitá-los. Ao jantar, foi-me servido um anti-tabagista encartado, que ainda por cima acumulava funções. Além de temperar o repasto com a malcriação habitual sobre o fumo, o angélico rapaz dizia-se igualmente «fanático do desporto» (entre a rapaziada saudável, o fanatismo é um modo de vida) e «fanático da reciclagem» (hélas).
Estas maravilhas da fé iam sendo disparadas contra um alvo específico, justamente a pessoa que convidara o beato e que, com elevado merecimento, sofria o suplício em silêncio. Infelizmente, a partir de certa altura, Sua Santidade aumentou o volume e eu, tendo terminado a moamba de galinha, acendido o quinto cigarro do serão e inaugurado a segunda garrafa de Cartuxa, não resisti a emitir umas opiniões avulsas - evidentemente retóricas e inúteis. À saída do restaurante, percebi quão inúteis, enquanto Sua Santidade se dirigia para um Volvo qualquer coisa oitenta (em termos de poluição, o equivalente a uns 5700 fumadores) e os conhecidos dele se despediam: «- Até à próxima, Adolfo». Adolfo?

// posted by ag @ 11:29 AM

No homem-a-dias

 

 

As putas não sabem nadar

Ainda não vi, mas disseram-me que, ao longo de oito páginas, a «Time» desta semana descobre em Bragança a Sodoma do séc. XXI, exclusivamente heterossexual e com sotaque brasileiro. Não sei se alguma das lendárias Mães locais é correspondente europeia da revista. Sei que vou a Bragança dezenas de vezes por ano (sou de um concelho vizinho), e nunca encontrei quaisquer vestígios desse orgíaco mundo subterrâneo. Se calhar, é demasiado subterrâneo para a intuição deste vosso criado, admito. De uma forma ou de outra, a ser verdade e agora que a minha consorte não nos lê, imploro às autoridades que comecem a incluir os eixos de luxúria nos roteiros oficiais da cidade, fornecendo moradas, telefones e, se possível, imagens graficamente explícitas das maravilhas que temos andado a perder. Caso contrário, para os incautos como eu, Bragança continuará a assemelhar-se a uma cidadezinha de província, onde se janta divinamente e, em seguida, a falta de actividades digestivas de pendor cultural faz-se sentir com acintosa frequência. Perante o artigo da «Time», o sr. governador civil pede reforços policiais; eu peço divulgação ampla, adequada e nacional. Parece-me justo, a menos que os responsáveis deste País insistam em manter a Cultura adiada, deixando que os arqueólogos desenterrem as brasileiras quando estas não passarem de fósseis e garatujas na parede.
// posted by ag @ 12:02 PM

Excelente :) . Post em: homem-a-dias

 

 

Como será em casa das pessoas importantes?
Digo, a vida normal, prosaica.
Como será quando um filho suja a toalha da mesa por exemplo?
O ministro, o engenheiro o doutor partem para a estalada? Numa casa portuguesa, concerteza.

 

 

A reacção contra o poderosíssimo lobby americano das armas só começa, tímida, agora.

http://www.nrablacklist.com/

via cacheop

 

 

Não resisti.....

 

outubro 13, 2003

 

Dicionário?
Definição:
Blogging - Navegação errática, de blog em blog. O equivalente ao zapping.

- Oh filho! Vem jantar!
- Já vou! Tou no blogging!
- Estás no quê?

BLOGARITHM Uma boa ferramenta para dar as "voltinhas"

 

 


  1. Um aumento brutal das propinas. Que a Universidade nem vai sentir diferença.

  2. Uma associação de estudantes politicamente alinhada com o poder, cuja direcção foi eleita pelos próprios eleitos.

  3. Alunos que não participam minimamente na vida académica e que são injectados pela própria presidente da associação como sendo "apáticos" e que "não querem confusões", num artigo de jornal venenoso.

  4. Associação essa que a única coisa que sabe fazer é criar núcleos de "tai kwon do" ou organizar festas de estudantes onde reina a cerveja.



Quem é que esta associação representa? A empresa cervejeira com a qual inunda as festas de caloiros e afins? O Partido (é preciso dizer qual?) ?
Certamente.
Quem a elegeu?

A apatia.

 

outubro 09, 2003

 

In catalaxia :

ENGULHOS MON�RQUICOS

Eu tinha a plena consciência que o que aqui escrevi a propósito de alguns monárquicos, na minha "posta" República e Monarquia, iria provocar "dissabores" blogsféricos.
Não pondo em causa o «ideal monárquico» que, exceptuando o entendimento de que a Chefia de Estado deve ser determinada pelas regras da sucessão dinástica, julgo não conter qualquer outro preceito, referi a circunstância, para mim evidente, de alguns cabotinos que conheci ao longo da vida se reclamarem, com pompa e circunstância, enfáticos defensores desse ideal.
Isto, em si mesmo, não é um critério distintivo de coisa alguma, ao contrário do que afirma O Sexo dos Anjos. É, quando muito, a constatação de que um certo folclore monárquico, feito de princípes e princesas, de "Olás" e olés, atrai inúmeros patetas que apelam aos pergaminhos do passado para comporem o curriculum do presente.
Quanto à monarquia, e sobre a controversa questão da natureza da Chefia de um Estado, num modelo parlamentar, que é o que defendo, ela é quase irrelevante, já que, opte-se por um ou outro modelo, os poderes constituicionais que lhe são atribuídos só podem ser insignificantes e meramente protocolares.
Porém, como liberal, acho nefasto e um mau exemplo, que alguém nasça com direitos adquiridos no orçamento e no aparelho de Estado. Como me parece, igualmente, que esses privilégios são um péssimo exemplo social, sobretudo quando se defende a concorrência como meio de criatividade e de selecção, tendo em vista uma sociedade aberta e livre. O que é facto, para quem conheça um pouco o que foi a evolução das monarquias europeias, é que a afirmação das monarquias constitucionais gerou uma nobreza de corte que vive do facto de o ser, sem qualquer merecimento que o justifique. E que constitui, a meu ver, um factor de estagnação das elites sociais (termo que não aprecio, mas que é próprio para o efeito).
Daqui resultou, com a evolução dos tempos e dos costumes, uma aristocracia de "capa de revista" que se esgota em questões fúteis e desagradáveis, impróprias, aliás, de qualquer publicitação, como, por exemplo, as abomináveis relações (e ralações) do princípe Carlos e da princesa Diana, os seus amores e traições, em suma, as suas vidas venturosas. Ou da família real do Mónaco. Da casa real da Suécia, etc.. E de uma parasitagem que pulula em torno de tudo isto. Que haja quem se pele por isto e que esteja disposto a pagar para ler (e aparecer) sobre a vida desta gente, é lá com eles. Que, à conta desta rudimentar indústria de princípes, princesas, condes e viscondes, haja quem mate por um título, meta cunhas ao Conselho de Nobreza para figurar nos anais, fabrique anéis de família e compre árvores geneológicas como quem manda semear um pinhal em Cinfães de Baixo, também não me escandaliza. É um sinal dos tempos e quem quiser consumir, consuma.
Infelizmente, nisto se esgota ou tem esgotado, o ideal monárquico. Que, por paradoxo, num Estado democrático, é um ideal que não pode ir para além disto mesmo: ou será que devemos discutir, numa sociedade democrática, poderes e competências políticas e executivas para um Chefe de Estado não eleito? Não creio que isso seja admissível. E, francamente, também não me apetece regressar a 1822.

# posted by rui @ 1:27 PM

 

outubro 05, 2003

 



Chuvas, ventos porque já fostes?
Ficai.
Justificai a solidão, o recolhimento.



 

outubro 04, 2003

 

Frase do dia
"Quando alguém se sente só é porque não faz companhia a ninguém."



in tasca da cultura

 

 

O que há em mim é sobretudo cansaço
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.


Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
�ssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

�lvaro de Campos

in papoila

 

outubro 03, 2003

 

"Dia de chuva intensa em Lisboa. Um trabalhador da Câmara, devidamente equipado de pá e vassoura, vai limpando o lixo acumulado, tentando escoar a água que inunda a rua. Subitamente, é interrompido na sua tarefa, vendo-se abordado por uma jornalista (da SIC), que lhe pergunta: "porque é que todos os anos há inundações?". Sem acreditar no que lhe está acontecer, ofuscado pelas luzes dos holofotes, o bom do trabalhador não se atrapalha.
Sorridente, enfrenta a câmara (a de filmar, claro) e opina : "Sei lá! Pergunte ao Tejo! A água sobe, não tem para onde ir, fica tudo alagado". A reportagem acabou aqui. Suponho que não foi obtida informação mais esclarecedora por parte do Tejo.

"

in Hipatia

 

 

"Um blog trata-se como um vulcão do princepezinho. Com um mini-limpa chaminés e com cuidado para não entrar em erupção. Rega-se, limpa-se e fazem-se caminhos à volta.
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in eternuridade

 

 

"Todos os domingos, sem que sentisse estar a atraiçoar-me, sem que me violentasse, a minha vida começava no Rossio, perto da estação de comboios. Depois, seguiam-se por esta ordem: Praça da Figueira, Rua Augusta, Terreiro do Paço, Cais das Colunas. Duas a três horas. Uma distância curta, percorrida lentamente, muito lentamente. Gente que passava. Vidas. Destroços de vidas. Alguns vultos. Claro, nada acontecia porque nada era suposto acontecer. Às vezes, nada nos acontece e temos de aprender a viver com esse vazio, sem que isso nos dê angústia ou acédia. Mover-nos todos os dias. Trabalhar. Sentir a passagem do tempo. Suster a inércia. Não esperar demasiado. Conseguir adormecer."

in flor de obsessão

 

 

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É impressão minha ou as ofertas comerciais estão cada vez mais sovinas???
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�ndios e Cowboys. A TQT


TQT - Tv Que Temos

"A história de amor entre uma mulher que cresceu no meio dos índios e um soldado americano ", Lê-se na descrição do filme desta noite na RTP2.

A RTP2 voltou claramente áquela programação pautada pela pobreza franciscana de oferta cultural a par com a regressão á rotina programática que já se lhe conhecia dos tempos do Cavaco. Filmes de ala conservadora (os ciclos 5 noite 5 filmes tornaram-se uma autêntica chatice moralista típica de propagandas de direita), o Acontece foi-se... , introduziram-se novas séries que nem ao diabo lembram, com um perda de qualidade notória.Ocorre-me Poltergeist. Mas quem de seu perfeito juízo põe uma série destas num Domingo á noite?? E logo na noite mais tediosa de toda a semana. Sim é oficial a RTP2 morreu. �s mãos de Sr. Balsemão e do outro, MEdia Capital desesperado por salvar um canal de televisão que já devia ter fechado há muito. Em nome da sanidade.

 

outubro 02, 2003

 

THERE'S NO BUSINESS LIKE SHOW BUSINESS:
"Passeio na Baixa. Uma rapariga (julgo eu) faz malabarismos com três bolas. O seu sócio aproxima-se, boné estendido. "Não quer dar nada para os artistas?", pergunta o jovem. "Claro que quero!", digo eu. "Onde é que eles estão?" Ele vai-se embora a praguejar em estrangeiro. ZDQ"

in Gato

 

outubro 01, 2003

 



�men.